Após 30 dias da morte de Elcindo Alexandre Neto, 35 anos, durante uma ação da Guarda Municipal de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, a Corregedoria instaurou uma sindicância administrativa disciplinar para apurar a ação dos guardas no dia do fato.

Elcindo foi atingido por um disparo de munição, que até então seria não-letal, no dia 11 de outubro no Parque Rego D’água. Conforme os guardas que atenderam a ocorrência no dia, ele era suspeito de atear fogo em um terreno e teria fugido ao ver a Guarda.

A abertura do procedimento de investigação interna foi publicada na edição desta quarta-feira (20), 30 dias após o ocorrido, no Diário Oficial do Município. O procedimento será de natureza investigativa para “apurar homicídio decorrente de oposição a intervenção policial praticado por agente(s) desta Guarda Municipal no exercício da função e demais eventos verificados”.

Foram nomeados Eleandro Aparecido Miqueletti e Weslei Henklain Ferruzzi como membros para comporem a Comissão Sindicante que será presidida pelo corregedor-geral e terá Odair Faleiros da Silva Junior na condição de Secretário.

Morte

Os moradores acionaram a guarda após um incêndio criminoso em um terreno na região do parque Rego D’Água. Chegando no local os agentes foram informados que Elcindo era o responsável pelo fogo, mas no momento da abordagem ele fugiu.

Elcindo foi perseguido, entrou em uma residência e saiu armado com uma tesoura. Nesse momento, conforme as informações, ele teria ameaçado os guardas, quando foi atingido por disparo de choque. Mesmo assim, Elcindo conseguiu fugir novamente, quando a Guarda Municipal efetuou tiros com balas de polietileno, um tipo de plástico, sendo que um deles atingiu a barriga do suspeito. O rapaz sangrou muito e não resistiu.

Recolhimento das armas

Dias depois ao caso, o comandante da Guarda, Divaldo Machado de Menezes, revelou ao site Dourados News ter mandado recolher as espingardas calibre 12, da marca Taurus, usadas com munições não letais naquela ocorrência.

Na ocasião, ele disse ter ficado surpreso com esse trágico desfecho. “Estou há 24 anos na Guarda e não ocorreu algo semelhante em Dourados, já ouvi uma ou outra situação em outros locais. A munição não é letal, mas acabou perfurando o corpo da vítima”, explicou.

Procurado na manhã desta quarta-feira pela reportagem local, o comandante revelou que as armas já foram novamente liberadas para uso, após passarem por perícia. Segundo ele, o laudo foi entregue para o MPE-MS (Ministério Público Estadual), responsável por eventual acusação na esfera judicial contra os envolvidos.

“O armamento e as munições já estão liberados para uso, com algumas restrições que passamos para o pessoal”, afirmou. Segundo o comandante, utiliza-se elastômero em eventuais ocorrências com multidão e polietileno (pó de arroz) em disparos mais perto. “Mas cada caso é um caso”, pondera.