Sargento ex-Segov interferia até em promoção de oficiais da PM, diz Gaeco
Acusado de ser líder do grupo que dava suporte a contrabandistas de cigarros, o 2º sargento da Polícia Militar Ricardo Campos Figueiredo interferia informalmente na promoção e transferência de colegas policiais militares, inclusive oficiais, conforme investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) durante a Operação Oiketicus. Detalhes sobre a at…
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Acusado de ser líder do grupo que dava suporte a contrabandistas de cigarros, o 2º sargento da Polícia Militar Ricardo Campos Figueiredo interferia informalmente na promoção e transferência de colegas policiais militares, inclusive oficiais, conforme investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) durante a Operação Oiketicus.
Detalhes sobre a atuação do sargento são descritos na denúncia apresentada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) contra Ricardo Campo pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O documento possui trechos de conversas registrados durante interceptação telefônica.
A justificativa para tamanha influência do 2º sargento é justificado pela “sua proximidade com o alto escalão do Poder Executivo”, já que fazia a segurança velada do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e o acompanhava nos mais variados eventos e, com isso, tinha posição destacada na organização criminosa, conhecida como “Máfia dos Cigarreiros”.
Após ser preso durante a operação, Ricardo foi exonerado do cargo vinculado à Secretaria de Governo. No entanto, quando estava nesta posição “tinha certa ingerência” de colegas dentro da estrutura organizacional da Polícia Militar do Estado.
“Tanto é verdade que, durante as investigações, foram registrados diálogos do denunciado com outros policiais militares envolvidos com o contrabando, nos quais lhe solicitam auxílio para promoções e transferências”, diz trecho da denúncia.
Comando da Polícia Rodoviária
Um dos casos registrados foi a conversa de Ricardo Campos com o tenente coronel Admilson Cristaldo Barbosa, que também é réu na Operação Oiketicus, na qual tratam da indicação de um colega para o comando da Polícia Rodoviária Estadual, deixando “evidente a proximidade entre ambos”.
No diálogo, segundo o Gaeco, Admilson demonstra que Campos estaria intercedendo junto ao Governo do Estado para que o nome do tenente coronel fosse indicado para assumir a chefia da Polícia Rodoviária. No entanto, não tiveram sucesso na empreitada.
Assumir o comando da Polícia Rodoviária Estadual era considerado estratégico, pois é o setor da Polícia Militar responsável por fiscalizar as rodovias e estradas sul-mato-grossenses, por onde é escoado grande parte do contrabando vindo do Paraguai e da Bolívia.
De acordo com a denúncia, o “prestígio” de Ricardo Campos era tamanho que em único dia, 5 de abril de 2018, ele obteve administrativamente o cancelamento de oito punições recebidas ao longo de sua carreira militar.
“Enfim, vê-se que o denunciado agia influenciando nomeações e transferências de maneira a auxiliar que os policiais militares participantes do esquema criminoso ocupassem postos de interesse da organização criminosa, permitindo assim que o esquema continuasse a se desenvolver sem intercorrências”, argumenta a denúncia assinada pela promotora Tathiana Correia Pereira da Silva Façanha e por quatro integrantes do Gaeco, os promotores de Justiça Tiago Di Giulio Freire, Marcos Roberto Dietz, Thalys Franklyn de Souza e Fernando Martins Zaupa.
Prisão
Figueiredo foi preso no dia 16 de maio acusado de obstrução de Justiça e por porte ilegal de armas. Chegou a ser solto no dia 19, mas voltou à prisão no dia 24 de maio, quando o MP-MS (Ministério Público Estadual) recorreu e requereu a detenção, alegando que ele destruiu celulares enquanto agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) cumpriam mandado de busca e apreensão na residência do PM.
Ao todo, a Operação Oiketicus prendeu 29 policiais militares, entre praças e oficiais, por supostamente integrarem esquema de contrabando de cigarro na região fronteiriça. Eles foram acusados dos crimes de corrupção passiva, cuja previsão de pena é 12 anos de prisão mais multa, e organização criminosa com pena de até 8 anos de reclusão.
Outros processos
Ricardo Campos Figueiredo reponde a processo por obstrução de Justiça ao destruir celulares que deveriam ser apreendidos no dia da operação e tem uma segunda denúncia por porte ilegal de armas apresentada pelo promotor Clóvis Amauri Smaniotto em 15 de junho.
O promotor afirma que no dia da operação em que o sargento destruiu os celulares, no dia 16 de maio, ele tinha em sua posse um revólver calibre .44 de fabricação espanhola, nove munições de fuzil 762 e uma pistola calibre .40 niquelada com dois carregadores e sem munições.
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