Edhem Araújo Silva, de 36 anos, acusado de feminicídio, negou ter tido intenção de matar a esposa, Elisângela Barbosa de Oliveira Silva, então com 41 anos, em crime ocorrido em 29 de dezembro de 2016. O depoimento ocorreu durante julgamento no Tribunal do Júri de Campo Grande, ocorrido na manhã desta sexta-feira (27). A sentença ainda não foi proferida pelo júri, que é composto por três homens e quatro mulheres.

Durante o depoimento, Edhem afirmou que o tiro disparado contra o pescoço de Elisângela foi acidental, e ocorrera na tentativa de desarmá-la. Edhem também afirmou que a arma em questão teria sido adquirida por R$ 2 mil, um ano antes do crime, a fim de se defender de vizinhos com quem tinha desavenças. Porém, ele teria guardado o revólver na casa de uma amiga, já que a esposa era ciumenta e já tinha disparado com a arma em uma ocasião anterior.

Todavia, segundo o réu, ele teria buscado a arma no dia 25 de dezembro de 2016, após ser intimidado por um de seus vizinhos, que teria efetuado disparos em frente da residência do autor. Em seu depoimento, ele também destacou que sofria de depressão, assim como sua esposa.

Edhem também relatou que no dia da morte da esposa, eles teriam tido discussão por volta de 5h30 da madrugada, quando ele teria saído de casa. Quando retornou, já à noite, o casal teria discutido e a vítima teria tomado posse da arma. Edhem afirma que, para se defender, tentou tirar o revólver das mãos dela, quando diparou acidentalmente.

A Promotora que está no caso, Aline Mendes Franco Lopes, pede que o autor seja enquadrado e julgado pelo crime de homicídio triplamente qualificado, pois além de feminicidio, o crime teve motivação torpe e não ofereceu chance da vítima se defender. A pena pode chegar a 30 anos.

Entenda o caso

Com vasta ficha de antecedentes criminais, Edhem Araujo Silva, de 36 anos, matou a esposa, Elisângela Barbosa de Oliveira Silva, então com 41 anos, com um tiro no pescoço após discussão no dia 29 de dezembro de 2016. De acordo com a ocorrência registrada pela polícia, Edhem ainda levou a esposa para uma UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) no próprio carro, que abandonou no local por falta de gasolina. Ele teria pego um moto-táxi até a residência, onde pegou algumas roupas e fugido na sequência, a pé. Elisângela morreu na unidade.

Ele foi preso em flagrante no dia seguinte, em uma residência no Jardim Anache. De acordo com a polícia, ele estava sob efeito de drogas quando foi efetuada a prisão. Segundo o registro policial, no ato do crime, ele teria entrado no quarto da esposa, que usava o computador, acusando-a de estar com outro homem e teria começado a quebrar os móveis da casa. Até o forro de PVC da residência foi destruído pelo marido, que procurava um invasor.

(Com Mariana Rodrigues)