Para a Justiça ele é o líder de grupo criminoso que planejou ataques terroristas nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Em carta destinada ao Jornal Midiamax, se apresenta como como pai, religioso e alguém disposto a fazer novas amizades, mesmo que por cartas.

Preso no Presídio Federal de desde julho de 2016, o muçulmano Leonid El Kadri de Melo quer romper o silêncio cotidiano dentro das celas da penitenciária mais vigiada de Mato Grosso do Sul e, mesmo que por cartas, encontrar distração e estreitar laços com quem se propuser a conhecê-lo.

“Saudações calorosas. Meu objetivo é a divulgação do meu endereço postal para correspondência via cartas a quem se interessar, seja por motivos jurídicos, religiosos, políticos, sociais, curiosidades ou mesmo e simplesmente formar uma nova amizade”. escreve Leonid.E aí, topa? Muçulmano preso por terrorismo quer receber cartas no Presídio Federal

Condenado a 15 anos, 10 meses e cinco dias de prisão com base na Lei do , considerado hediondo, El Kadri foi considerado pelo juiz Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba, como uma pessoa de alta periculosidade e líder de um grupo de 15 pessoas que arquitetava ataques terroristas e tentava recrutar jovens para participar dos atos.

Preso, o muçulmano nega as acusações e se diz contra o terrorismo. Revoltado com a condenação, chegou a fazer greve de fome solicitando conversa com representantes dos direitos humanos, mas o pedido não foi atendido.

Na carta ao Midiamax, Leonid fala da saudade do filho de 7 anos. “é um lindo menino que não vejo há 2 anos”. E se coloca à disposição para sanar eventuais dúvidas sobre seu caso e sua história.

“Posso enviar dez cartas por semana, uma folha cada e receber a mesma quantidade, duas folhas cada, além de fotos convencionais. Para qualquer esclarecimento sobre as normas da unidade, entrar em contato com o setor de reabilitação, através da assistência social”, explica.

O endereço para envio de cartas para Leonid El Kadri de Melo é Avenida Henrique Bertin, 9813, Bairro Jardim Los Angeles. Cep: 79073725 – Campo Grande – MS.

O caso

Operação Hashtag da Polícia Federal que realizou investigações entre março e julho de 2016 apontou que os condenados teriam promovido a organização terrorista Estado Islâmico em publicações no WhatsApp, Telegram, Facebook, Twitter e Instagram. Nas conversas, eles planejavam atentados no Brasil e compartilhavam material extremista.

“O conteúdo obtido a partir do afastamento judicial dos sigilos de dados telemáticos e telefônicos se situa entre a exaltação e celebração de atos terroristas já realizados em todo mundo, passando pela postagem de vídeos e fotos de execuções públicas de pessoas pelo Estado Islâmico, chegando a orientações de como realizar o juramento ao líder do grupo [‘bayat'], e atingindo a discussão sobre possíveis alvos de ataques que eles poderiam realizar no Brasil, a estrangeiros durante os Jogos Olímpicos, homossexuais, muçulmanos xiitas e judeus”, diz trecho da sentença.

Nas conversas a que a polícia teve acesso os envolvidos usavam nomes fictícios e faziam referências a uma tentativa de compra de uma arma no Paraguai. Um dos investigados entrou em contato, por e-mail, com um fornecedor de armas clandestinas solicitando a compra de um fuzil AK-47.

As prisões e buscas na Operação Hashtag foram realizadas no Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.