Data tensa, Dia das Mães terá reforço na segurança em presídios
Foto: Arquivo Midiamax

O Dia das Mães é uma data considerada tensa nos presídios. E a situação é agravada pelos problemas de superlotação e a disputa entre integrantes de facções criminosas rivais. Para evitar problemas durante a visitação do Dia das Mães, quando o movimento chega a ser 15% maior, o Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária do Estado do Mato Grosso do Sul) solicitou para a Agepen e para a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) um reforço no esquema de segurança.

Os presídios que mais devem receber visitantes são: Estabelecimento Penal de Segurança Máxima Jair Ferreira de Carvalho e IPCG (Instituto Penal de Campo Grande), com previsão de 830 e 600 visitantes respectivamente. Os dois presídios terão as visitas divididas em dois dias: sábado e domingo, sendo que os pavilhões que receberem visitas no sábado não poderão receber aos domingos.

“Nessa data sempre é necessário muito cuidado. Esperamos uma resposta plausível e um atendimento com cautela maior para garantir a segurança do servidor e sociedade”, diz o presidente do Sinsap, André Luiz Garcia Santiago.

Santiago diz ainda que atualmente o número de servidores é reduzido nos presídios, abaixo do recomendado pelo CNPCP (Conselho Nacional de Políticas Nacional e Penitenciárias). “Um exemplo é o caso do presídio de Segurança Máxima onde temos 12 plantonistas para 2.400 detentos”, explica.

Já a Agepen explica que, assim como ocorre em outras datas festivas, será realizado reforço nas principais unidades, com a convocação de agentes penitenciários para cumprimento de hora extra e também de alguns que realizam expediente. Além disso, será solicitado à Polícia Militar reforço na segurança das guaritas e muralhas.

Medo

O clima de tensão e cautela reinam entre servidores e familiares. De acordo com o Sindicato pode ser que não haja nada e seja um dia tranquilo de visitas, ou não. A data é uma bomba-relógio.

“É uma data que o sindicato recomenda cuidado redobrado nos presídios, pois é imprevisível, nunca se sabe o que pode acontecer. Já tivemos históricos de ameaças a servidores, de agressões de tentativa de rebelião e em 2006 quando aconteceu uma rebelião nesse período”.

A rebelião citada ocorreu em um domingo do dia 14 de maio de 2006 parecia um momento tranquilo, onde agentes penitenciários organizavam mais uma visita nas prisões de Campo Grande e Dourados. A calmaria deu espaço à uma tensão sem precedentes, quando o PCC ordenou um “Salve Geral” em penitenciárias de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Espírito Santo, Paraná e aqui no Estado. Foram 30 horas de negociação com a polícia e destruição material nos presídios locais.

Familiares de detentos contaram ao Jornal Midiamax que se sentem com medo. A reportagem conversou com mulheres de detentos. “Tenho medo de represálias por conta do que houve anteriormente”. Questionada se tem medo de uma rebelião, ela preferiu não responder. Ela irá visitar o marido que está preso por posse de arma de fogo, receptação e uso de documento falso.

Outra visitante de 27 anos não acredita que possa ter represália, mas acha que possa haver “repercussão por conta da nova mudança na alimentação. Agora só pode entrar duas vasilhas de comida de sal e uma de doce, isso é muito pouco e eles (internos) irão reclamar”. O marido dela cumpre pena por homicídio e tráfico de drogas.