Um milhão de maços de cigarros de origem paraguaia foram apreendidos na tarde dessa sexta-feira (9), pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) em Anastácio, cidade distante a 140 quilômetros de Campo Grande.

A equipe policial fazia ronda na BR-262, quando, no km 500, abordou duas carretas, do modelo com placas de Santa Catarina e Paraná, atrelados a dois semirreboques, com placas do Paraná, conduzidos por dois homens, de 37 e 30 anos.

Foram encontrados 50 mil pacotes de cigarros no interior de cada semirreboque, totalizando 100 mil pacotes de cigarros de marca paraguaia, sem documentação legal. Essa quantidade, segundo a PRF, contabiliza cinco milhões de reais que são retirados do contrabando.

Os motoristas alegaram terem pego as carretas em um posto de combustível em Miranda (MS) e levariam até́ Cuiabá́ (MT), mediante o recebimento de quantia em dinheiro.

Os veículos e os condutores foram conduzidos à Delegacia de Polícia Federal de Campo Grande (MS).

Mato Grosso do Sul é apontado como uma das principais rotas dos “cigarreiros”, que abastecem o mercado brasileiro com cigarros de fabricação paraguaia sem pagar impostos. Após Operação Oiketikus que colocou atrás das grades 29 policiais militares suspeitos de integrarem uma quadrilha para facilitar o contrabando, as forças de segurança intensificaram a fiscalização e as apreensões aumentaram.

As apreensões deste ano já superaram as de 2017. Em um único dia, a Polícia Federal fez a maior apreensão de contrabando de cigarros do país quando foram tirados de circulação 11 milhões de maços, que estavam em 11 carretas. Para apreender essa carga, policiais da PF chegaram a cercar Ivinhema.

Cigarreiros em MS

Em maio deste ano, a ofensiva contra os “cigarreiros” ocorreu com a Operação Oiketikus, que contou com a participação de cerca de 125 policiais militares e nove promotores de justiça. Policiais militares suspeitos de participação no esquema entraram na mira com a prisão de mais de 20 agentes da corporação, só na primeira fase da ação.

No total, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Mato Grosso do Sul denunciou 28 dos 29 policiais presos durante as duas fases da operação, que investiga a atuação de policiais para garantir a livre movimentação da chamada “Máfia do Cigarro”. Ricardo Campos Figueiredo não entrou na lista pois está preso por obstrução de justiça, já que quebrou celulares que seriam levados como prova.

A investigação teve início em abril do ano passado, quando a corregedoria da Polícia Militar repassou aos promotores denúncias sobre “rede de policiais militares, maioria da fronteira, envolvidos em crime de corrupção e organização criminosa”. Os promotores reforçam que militares de diferentes patentes e regiões do Estado se associaram para facilitar o contrabando.

Em troca, os militares recebiam propinas de até R$ 100 mil para fazer “vista grossa” e até repassar informações sigilosas aos contrabandistas.