Stropa já teria informado governador sobre saída

Informações extraoficiais de integrantes da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) dão conta de que o diretor-presidente da autarquia, Ailton Stropa, pediu exoneração ao governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), que voltou de férias nesta terça-feira (31). Na semana passada, a vice-governadora Rose Modesto (PSDB), que estava em exercício no comando do Executivo, já havia dito que o governo aceitaria pedido de afastamento, caso ocorresse.

Os rumores de que Stropa não permaneceria por muito tempo da função começaram após a ser deflagrada. A apuração diz respeito a um curso de treinamento para intervenção rápida, contenção, vigilância e escolta do sistema penitenciário.

Esta operação ocorreu cinco dias depois de o mesmo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) iniciar a , que investiga crimes de corrupção, tráfico de drogas, peculato e falsidade documental. Na última sexta-feira (27) o diretor-presidente foi alvo da investigação.

Cinco munições dentro de uma gaveta da mesa do Diretor do DOP (Departamento de Operações), Reginaldo Francisco Regis, na sede da Agepen. Na mesma delegacia, outra apreensão feita durante a ação foi registrada. Desta vez, na casa de um agente penitenciário, de 37 anos. As equipes foram até a residência, localizada na Vila Margarida, por volta das 6 horas da manhã.

Dentro de um guarda-roupa, guardado em um copo plástico, foram encontradas três munições de calibre 380 e uma munição de calibre 38. Na residência de um dos diretores, que não teve o nome divulgado, foram encontrados R$ 90 mil. Para a imprensa, Stropa negou que tenha sido ele e afirmou não ter receio das investigações.

“A ação é vista com satisfação. Eu respondo pela Agepen e assim como o governador e o secretário, sou transparente. Se algum servidor praticou um ato irregular, deve ser punido e a Agepen fornece toda colaboração com o Gaeco”, disse. Os celulares dos investigados foram apreendidos.

Investigação

De acordo com informações da coordenadora do Gaeco, Cristiane Mourão, o objetivo é apurar ilegalidades cometidas durante a realização do curso de treinamento para intervenção rápida, contenção, vigilância e escolta do sistema penitenciário do Estado, para formação do grupo conhecido como Girve (Grupo de Intervenção Rápida, Contenção, Vigilância e Escolta).

Esse treinamento aconteceu na Penitenciária de Segurança Máxima de em abril de 2016. Durante 10 dias, agentes penitenciários da Dpoe (Diretoria Penitenciária de Operações Especiais) de Brasília estiveram em Campo Grande treinando 79 agentes da Capital. No dia 13 do mesmo mês, a última atividade do curso foi à realização de um pente-fino.

A vistoria nas celas gerou um princípio de tumulto na unidade. Foram vitoriadas 30 celas, mas em duas delas houve resistência de alguns presos. Em uma das celas, dois detentos não teriam obedecido o comando dos agentes e precisaram ser retirados, em outra um preso chegou a jogar uma pedra nos servidores e foi contido.

Depois da ação, denuncias de tortura foram feitas pelas famílias e pelos próprios presos em um vídeo divulgado na internet. Parentes dos internos chegaram a fazer protesto contra a maneira que os familiares foram tratados. “Esses treinamentos não faz nem com animal”, disse a esposa de um detento na época.

Operação Xadrez

Na segunda-feira (23), o Gaeco deflagrou a Operação Xadrez no presídio de Corumbá, onde dois diretores um do regime fechado e outro do semiaberto foram presos, além da condução do vereador Youssej Mohamed El Sala (PDT), para prestar depoimento.

A operação investigava a ‘facilitação da vida' de presos ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) permitindo a entrada de drogas nas unidades. Em troca recebiam dinheiro da facção.