Solicitação foi feita em caráter de urgência

Na manhã desta sexta-feira (24), um ofício foi levado da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) para ser entregue em mãos no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) de . Trata-se de uma solicitação do resultado completo do exame necroscópico de Wesner Moreira da Silva, morto aos 17 anos após sofrer agressões no local de trabalho.

Segundo o delegado Paulo Sérgio Lauretto, da Depca, ele recebeu um resultado parcial em que é confirmado no laudo que o ar expelido pelo aparelho de compressão, através da mangueira, causou a morte do adolescente. No entanto, há necessidade de algumas peças do exame que ficaram faltando e, como há uma pequena demora na entrega, foi feita a solicitação em caráter emergencial.

Com o resultado completo, o delegado deve dar continuidade ao caso. Na quinta-feira (23), o resultado parcial do exame necroscópico apontou que a causa da morte de Wesner foi um choque hipovolêmico, ou seja, grande perda de sangue e líquidos. A hemorragia interna aconteceu no esôfago, onde o ar que entrou no corpo do adolescente teria encontrado resistência e rompido o órgão.

O adolescente morreu no dia 14 de fevereiro, 11 dias depois de ser agredido pelo patrão e por um funcionário do lava-jato, no que os suspeitos chamaram de ‘brincadeira' em depoimento. Tiago Demarco Sena, de 20 anos, e Willian Larrea, de 31 anos, identificados como os responsáveis pelo crime, só pararam depois de verem o rapaz passando mal.

O laudo, liberado quase dez dias depois da morte do menino, apontou que Wesner sofreu choque hipovolêmico, causado pela ruptura do esôfago. O órgão, segundo os exames, tinha 2,6 litros de sangue coagulados. Segundo o delegado responsável pela investigação do caso, Paulo Sérgio Lauretto, da Depca, ficou provado pelo laudo que a ruptura do esôfago foi consequência do ar do compressor, introduzido no corpo do rapaz pela mangueira. Durante o tempo que ficou internado, ele chegou a prestar depoimento e relatou que a ação dos agressores durou 10 minutos.

Wesner deu entrada na Santa Casa de Campo Grande no dia 3 de fevereiro em estado grave, precisou passar por uma cirurgia e retirou 20 centímetros do intestino. Depois disso, chegou a apresentar melhora no quadro de saúde, mas teve hemorragia e foi levado para a CTI (Centro de Tratamento Intensivo) novamente na manhã do dia 14. Ele morreu enquanto os médicos aguardavam para fazerem procedimento de endoscopia e identificar o ponto de hemorragia.

Logo após sua morte, a polícia pediu a prisão preventiva dos dois envolvidos, o que foi negado pelo juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida, da 1ª Vara do Tribunal de Júri de Campo Grande. Ele alegou que o delegado Paulo Sérgio Lauretto não trouxe “fundamentação quanto à concreta necessidade da prisão preventiva dos envolvidos”.