Celular foi entregue nesta quarta-feira 

O Instituto de Criminalística Hercílio Macellaro tem dez dias para analisar o celular do perito apontado como amigo do advogado Renê Siufi, que faz a defesa do policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, responsável pela morte do empresário Adriano do Nascimento Corrêa. O objetivo é confrontar mensagens para esclarecer a aparição de dois flambadores na caminhonete de Adriano dias após a perícia.Perícia tem 10 dias para avaliar celular de perito suspeito em caso PRF

Conforme ofício enviado pelo juíz Carlos Alberto Garcete de Almeida da 1ª Vara do Tribunal do Júri ao diretor do Instituto nesta quinta-feira (20), no prazo de 10 dias ao fim dos 10 dias, os técnicos que averiguarem o celular do perito, entregue À Justiça na quarta-feira (19), devem apresentar a “transcrição das mensagens de texto referente ao aplicativo WhatsApp, incluindo os dados contidos no aparelho e no chip, cujo laudo deve se circunscrever as informações relativas à perícia tratadas nos autos supracitados, e assuntos relacionados”.

O juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida da 1ª Vara do Tribunal do Júri já havia autorizado a quebra do sigilo telefônico da responsável pela perícia da caminhonete. Ela então entregou o celular e o chip, que foram enviados à perícia.

No dia 12 de julho, se dizendo indignado com a acusação da perita, que deu a entender que a ordem para implantar as provas partiu a defesa do policial, o advogado Renê Siufi enviou o pedido ao juiz para que as conversas extraídas da quebra do sigilo telefônico sejam confrontadas com as mensagens do aparelho do perito que supostamente seria seu amigo, através de cópia do conteúdo.

O pedido foi aceito nesta segunda-feira (17). Garcete então determinou que o perito que questionou o trabalho feito no veículo entregasse o aparelho celular e o chip “imediatamente ao instituto de criminalística”.

A perícia

O flambadores teriam aparecido na caminhonete no dia 4 de janeiro. Antes disso, foram feitas duas vistorias no dia do crime e uma mais detalhada, quando até os bancos foram retirados, no dia 2 de janeiro, mas não foram localizados quaisquer vestígios dos objetos dentro do veículo.

No dia 4, um dos peritos do IC questionou o trabalho da profissional responsável pelo caso por um grupo de WhatsApp. A perita então teria convidado o colega de trabalho para ir até a Hilux e discutir o suposto uso da técnica ‘double tap’, um duplo toque no gatilho, mas ao abrirem a porta dianteira do passageiro, “visualizaram de forma escancarada” os maçaricos.

O caso foi denunciado à corregedoria e todos os envolvidos foram ouvidos. Na segunda audiência sobre a morte de Adriano, que aconteceu em abril, a perita reforçou que os flambadores só foram encontrados depois que o colega colocou a perícia em prova.

Em depoimento, a mulher alegou que o colega sempre teve muitas informações que nem os profissionais que estavam no caso tinham conhecimento e que ele até teria dito que “é amigo pessoal do advogado do acusado”, o Renê Siufi. Ela ainda afirmou que tinha como provar as informações graças as conversas no aplicativo de mensagens.

O caso

Ricardo Sun Moon passou de policial a réu na madrugada do dia 31 de dezembro 2016, quando envolveu-se em uma confusão no trânsito, e atirou contra Adriano e as outras duas pessoas que estavam com ele no carro, Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos. O empresário morreu na hora. Moon alegou legítima defesa, versão que não prosperou nem no inquérito da Polícia Civil nem na análise do Ministério Público Estadual.

Uma reconstituição com todos os envolvidos e também testemunhas foi realizado no dia 11 de janeiro de 2017. Na data, Moon estava preso em virtude a um mandado de prisão preventiva, mas no dia 1º de fevereiro, ele ganhou a liberdade.

Duas audiências já foram realizadas e Moon ouvido. Em depoimento ele mantém a versão de que seria atropelado e só por isso atirou no empresário. O policial também afirma que se apresentou como policial e que estava com a ‘vestimenta sereia’, ou seja, metade fardado e metade à paisana, é um procedimento de praxe na corporação.

O caso ainda é marcado pela batalha judicial para decidir qual esfera deve julgar o caso do PRF. O processo chegou a ficar 21 dias suspenso, até o os desembargadores da 3ª Câmara Criminal negarem o pedido de habeas corpus da defesa do policial para transferir a ação do homicídio à Justiça Federal.