Luís teria mentido enquanto corpo de Mayara estava enrolado no porta-malas
A proprietária do motel onde a musicista Mayara Amaral, 27 anos, foi morta e a funcionária que estava na portaria no dia do crime prestaram depoimento na Defurv (Delegacia Especializada no Furto e Roubo de Veículos), nesta terça-feira (1º). À polícia, funcionária relatou que Luís Alberto Bastos Barbosa, de 29 anos, mentiu ao deixar local dizendo que a jovem havia sido buscada pelo pai, por volta das 5h e por isso estava saindo sozinho.
O advogado Rodrigo Alcântara disse ao Jornal Midiamax que o estabelecimento não descumpriu procedimentos padrões. Segundo ele, o assassino teria mentido à funcionária durante o check out.
Conforme depoimento da funcionária, Luís e Mayara chegaram sozinhos ao motel, por volta das 22h, fizeram o check in e na saída o músico saiu sozinho com a justificativa que Mayara teria sofrido uma hemorragia e sido buscada pelo pai, por voltadas 5h.
Chegada de Ronaldo da Silva Olmedo, de 30 anos, vulgo “Cachorrão” não foi registrada porque o envolvido estava escondido no banco de trás do veículo, conforme investigações da Polícia Civil.
A defesa ressalta que o procedimento padrão, de vistoria nos quartos, foi feito e que o local não estava destruído, como divulgado. A funcionária teria encontrado apenas manchas de sangue no lençol da cama, fato comum em um motel.
Alcântara ressalta que entre os procedimentos tomados pelo estabelecimento, está a lavagem separada de roupas manchadas de sangue. Dessa forma, a funcionária teria cobrado uma taxa extra de R$ 10.
“Luís pagou R$ 146 e não tinha mais dinheiro e realmente deixou a identidade da Mayara e um número de telefone como garantia de que voltaria para pagar. Quando a funcionária chegou ao quarto não havia nada que mostrasse cena de crime, já que manchas de sangue são normais nesse ambiente – onde algumas mulheres vão menstruadas”.
A polêmica nacional sobre a tipificação do crime praticado contra a musicista Mayara Amaral, 27 anos, no último dia 25 de julho, ter sido considerada latrocínio e não feminicídio resultou em nota de esclarecimento da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, nesta segunda-feira (31). A publicação ressalta que não houve preconceito da polícia no registro do crime e justifica que o roubo seguido de morte é um crime hediondo e tem penas maiores.
Crime
Mayara foi morta a marteladas, e segundo um dos suspeitos, também foi esganada. Luís Alberto Bastos Barbosa de 29 anos, Ronaldo da Silva Olmedo, de 30 anos, e Anderson Sanches Pereira, 31 anos, foram presos em flagrante pelo crime, na quarta-feira (26).
Em depoimento, Luís afirmou que o responsável por matar a musicista foi Ronaldo. Na versão dele, os três haviam combinado de ir ao motel juntos e foi Mayara quem buscou ele e o comparsa em seu veículo, um Gol modelo 1992. Para entrar no local, ‘Cachorrão’ teria se escondido no banco de trás.
Para a polícia, Luís, que é baterista e já havia tocado com a vítima, detalhou que no Gruta do Amor, ‘Cachorrão’ teria matado Mayara enquanto ele usava cocaína. Afirmou que desde o princípio a ideia era roubar a musicista, mas que se desesperou ao ver o que o amigo tinha feito.
Ainda assim, eles teriam enrolado Mayara em um lençol e a colocado no porta-malas do próprio carro. Para sair, Ronaldo teria se escondido novamente no banco de trás, enquanto Luís dirigia o veículo, sem nenhum acompanhante. Na guarita ele teria pago a conta, de R$ 100, mas não tinha dinheiro para completar a ‘taxa de limpeza’, aplicada porque o local estava cheio de sangue.
Segundo o depoimento, mesmo com as evidências de violência na suíte com hidromassagem, a portaria teria apenas se preocupado com o custo adicional para limpar a ‘sujeira’ da cena do crime. A polícia não foi acionada em momento algum. Ainda de acordo com o suspeito, ele deixou a identidade de Mayara e um número de celular de uma amiga dela na recepção, como garantia de que voltariam para pagar a taxa.
A polícia só compareceu ao motel depois de rastrear os passos de Mayara através do aplicativo Google Maps, que mostrou os locais em que ela esteve nas últimas horas de vida. Equipes da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Piratininga, do GOI (Grupo de Operações e Investigações) e da perícia, colheram provas, amostras de sangue e também imagens das câmeras de segurança.
Achado do corpo
O corpo de Mayara foi encontrado no fim da tarde do dia 25 de julho, vestido apenas de calcinha e parcialmente carbonizado, em uma estrada que dá acesso ao Inferninho, em Campo Grande.