MPE volta a pedir prisão de PRF que matou empresário em briga de trânsito

O documento também pede o indiciamento por fraude 

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O documento também pede o indiciamento por fraude 

O MPE (Ministério Público do Estado de Mato Grosso Do Sul) recorreu de decisão do juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande e voltou a pedir a prisão do policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, réu confesso da morte de Adriano Correia do Nascimento, 32 anos. A promotora responsável pelo documento também pediu que o PRF seja processado pelo crime de fraude processual, o que foi negado pelo magistrado em despacho anterior.

Nesta quarta-feira (15), o recurso à decisão do juiz, que libertou Moon no dia 1º de fevereiro, foi enviado pelo MPE. No documento, a promotora de justiça Lívia Carla Guadanhim Bariani pede que o policial volte a ser preso pelos mesmos motivos que concederam sua prisão preventiva em janeiro. 

Um deles, segundo a manifestação, seria o crime de fraude processual, que Ricardo cometeu ao “maliciosamente” vestir a farda da PRF para se apresentar ao delegado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Centro. É neste ponto que o MPE afirma que o Moon mentiu durante seu depoimento as autoridades policiais.

Conforme o recurso, no momento em que o empresário Adriano Correia Nascimento e o adolescente de 17 anos que estava com ele, foram baleados, Moon estava sem farda. Mas horas depois, ao se apresentar na delegacia, o policial apareceu com o uniforme completo e alegou que estava vestido daquele jeito durante a abordagem ao veículo da vítima.

Além de pedir a responsabilização pelo crime que foi negado pelo juiz, a promotora reforça o pedido de prisão para Moon, desta vez sem fixação de fiança. “Pugna, assim, pelo recebimento integral da denúncia, com a manutenção do crime previsto no artigo 347 do Código Penal (fraude processual), bem como requer seja decretada a prisão preventiva do acusado e afastada a fixação de fiança”, finaliza.

Reconstituição

No dia 11 de janeiro de 2017 Moon, Agnaldo Espinosa da Silva e o enteado de 17 anos, voltaram ao local do crime para participarem da reconstituição feita pela Polícia Civil. Nesse dia, o policial afirmou que estava fardado e com uma camiseta listrada por cima do uniforme. Ele explicou também como a briga de trânsito começou, na primeiras horas do dia 31 de dezembro.

Cada um dos envolvidos deu sua versão dos fatos e entre os depoimentos pequenas contradições chamaram a atenção. Aguinaldo e Moon, no entanto, concordaram que a briga que resultou na morte de Adriano começou no cruzamento da Rua Pimenta Bueno com a Avenida Ernesto Geisel, quando o empresário teria ‘fechado’ o policial.MPE volta a pedir prisão de PRF que matou empresário em briga de trânsito

Os dois relataram que a vítima dirigia a caminhonete Hilux pela Rua Pimenta Bueno e ao virar na Ernesto Geisel teria entrado na frente de Moon, que conduzia uma Mitsubishi Pajero. A partir daí, os depoimentos se diferem.

Para o policial, o motorista da caminhonete estava visivelmente embriagado e ao chegar ao semáforo da avenida que fica no cruzamento com a Rua 26 de Agosto, percebeu o então suspeito parar atrás de seu carro, falando com ele em voz alta. Já na versão de Aguinaldo, depois da ‘fechada’, o PRF teria alcançado a Hilux e com ela já parada no sinal feito uma manobra para estacionar na frente deles.

Agnaldo e o enteado afirmaram que nesse momento Adriano pediu desculpa pelo comportamento, mas ainda assim a briga continuou. Moon conta que viu os três ocupantes do carro, percebeu o adolescente procurar algo no banco de trás do veículo e o mandou mostrar as mãos, mas os outros o incentivaram a não obedecer. Mesmo com ele explicando ser policial.

Entre a ligação ao 190 e o momento dos disparos novas contradições entre as histórias surgem. Como o momento em que o policial saca a arma, se depois ou antes da ligação, como afirma as vítimas e quantas pessoas desceram do veículo para falar com o policial. Aguinaldo afirmou que foi o único a descer. Mas uma testemunha do crime alegou que viu duas pessoas sair da Hilux, mesma versão do policial.

Para a polícia, o réu do homicídio confessou que não mostrou a identidade policial. O motivo, segundo ele, foi o medo dos envolvidos rasgarem o termo e também por conta da necessidade de soltar a arma e o celular que estavam em sua mão. Ele ainda explicou que “ia mostrar quando o reforço chegasse”.

Mais uma vez, Moon e Aguinaldo concordaram que no momento em que Adriano fez a manobra para tentar sair do local, encostou a caminhonete nas pernas do PRF, que logo saiu do caminho e realizou os disparos contra o veículo, que andou alguns metros antes de atingir o poste de iluminação. O empresário foi atingido pelos disparos, assim como o adolescente, e morreu ainda no local. 

Conteúdos relacionados