O crime aconteceu no dia 22 de abril de 2016 

Preso desde o dia 27 de abril de 2016, Michel Leite de Carvalho foi condenado há 16 anos nesta sexta-feira (10) por matar a facadas a ex-mulher Juliana da Silva Fernandes, de 24 anos. O crime aconteceu na casa da irmã da vítima no Jardim das Hortências, no dia 22 de abril do ano passado.

O juiz Aluízio Pereira dos Santos condenou Michel há 16 anos no regime fechado por homicídio qualificado por motivo torpe – recurso que dificultou a defesa da vítima – além de feminicídio e violência doméstica e familiar. “Segundo a referida pronúncia, o acusado assassinou a vítima por não aceitar a separação conjugal e, mesmo estando separados, não admitia que ela se relacionasse com outro homem”, determinou o juiz.

Pela confissão do crime, foram retirados seis meses da pena, benefício que não foi maior porque o júri entendeu que isso não foi determinante para a confirmação da autoria. Durante o julgamento desta manhã, Michel preferiu não falar e chegou a ser retirado da sala durante o depoimento das testemunhas, mas em uma das audiências feitas durante o processo contou detalhes do crime, as motivações e também como via sua relação de 10 anos com a ex-mulher.

Michel contou que cometeu o crime por ciúmes e que no dia 22 de abril saiu de um bar da região, buscou uma faca e foi até a casa da irmã de Juliana já com a intenção de matá-la. “Eu fui para matar ela. Porque eu não aceitei. Eu não sei o que ela estava fazendo lá. Ela estava lá na rua, no meio da rua da favela lá”, narrou o réu durante o depoimento dado ao juiz.

Ele contou ainda que não se lembrava de quantos golpes desferiu em Juliana, mas que ‘mirou o peito’ da ex-mulher. Depois de cometer o crime, Michel permaneceu escondido por algum tempo na casa de Domingos Salves Lopes Cordeiro, apontado como coautor do crime. Depois, fugiu para Terenos, onde foi localizado pela polícia e preso.

Mesmo mantendo um relacionamento extraconjugal com Domingos também por 10 anos, Michel foi categórico ao dizer em depoimento que não aceitava o envolvimento de Juliana com outro homem e repetiu mais de uma vez que não sabia se ela o amava, enquanto os sentimentos dele eram verdadeiros. Questionado por seu relacionamento homoafetivo, o suspeito só respondeu: “Uai, eu não sei como explicar esse caso. É uma coisa minha.”.

No dia do crime, ele ainda perseguiu a ex-mulher e sua irmã, que quem morava na época. No julgamento a ex-cunhada lembrou que o suspeito passou o dia ligando para ela e para a vítima, fazendo ameaças de morte e afirmando que não deixaria a ex ficar com outra pessoa. O comportamento do suspeito foi considerado pelo MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) como “obsessão doentia e sentimento de posse” em relação à vítima.

A irmã de Juliana, que hoje cuida dos três sobrinhos de 5, 6 e 10 anos, além dos três filhos que tem, disse ainda ao júri que no dia do homicídio estava em casa, na sala, quando ouviu os gritos da irmã. Juliana entrou na casa e caiu na sala, pedindo para que ela cuidasse dos filhos dela, fato que foi lembrado pelo juiz na decisão.

Após a morte de Juliana, moradores da Cidade dos Anjos, em sua maioria mulheres, fecharam ruas do Jardim Aero Rancho e atearam fogo em caixotes e pneus para pedir justiça e segurança no bairro. Com cartazes pintados a mão, as manifestantes reuniram-se no cruzamento das avenidas Presidente Tancredo Neves com Arquiteto Vila Nova Artigas e fecharam os quatro pontos do cruzamento.

As amigas da vítima, na época, ainda contaram que mesmo no velório e com toda a divulgação do caso, a família de Juliana foi ameaçada por Michel, que teria afirmado que mataria os três filhos e colocar fogo na comunidade.