Filho de ex-deputado é ferido com arma de policial e irmãos desconfiam da versão

Polícia investigará se disparo da arma de policial militar teria sido ‘acidental’

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Polícia investigará se disparo da arma de policial militar teria sido ‘acidental’

Dois irmãos do comerciante Luiz Paulo Costa Gaeta, 56, filho do ex-deputado Cecílio Jesus Gaeta, ferido a tiro numa festa promovida em sua casa, em Campo Grande, no sábado à noite (27), desconfiam que a cena do episódio tenha sido adulterada quando registrado o boletim de ocorrência na Polícia Civil. O fato foi protocolado pela dona da arma do disparo, uma policial militar, cujo marido também ficou ferido na mão.

Gaeta permanece internado e, segundo os irmãos, é crítico o estado de saúde dele. Os irmãos de Luiz Gaeta, Pedro e Inês, acham que a versão narrada à polícia nada tem a ver com o que de fato teria ocorrido durante a festa.

De acordo com o boletim de ocorrência, registrado pela policial militar, ela e o marido, funcionário público, foram para casa de Luiz Gaeta, no sábado (27), por volta das 21h30, no bairro Novos Estados.

Ela disse ter deixado a arma, uma pistola, dentro do carro, na rua da casa de Luiz. Três horas depois, Luiz Gaeta e o marido da policial teriam saído da casa e foram até o carro onde a arma estava. Logo, a PM soube do disparo do tiro. Indo lá, ela garante ter visto os dois lesionados.

O marido dela, o funcionário público, teria pegado a arma para mostrar a Luiz Gaeta. Neste momento, segundo a policial, a arma teria disparado “acidentalmente”. O projétil teria atingido a mão do marido, ricocheteado e atingido Luiz na barriga.

Familiares socorreram os dois e os levaram para a Unidade de Pronto Atendimento no conjunto Nova Bahia. Dali, eles foram transferidos para a Santa Casa. Quase quatro horas depois, às 4h16 minutos do domingo (28), a policial registrou o boletim, na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário da região central, na rua Padre João Crippa. Esta é a versão dada pela policial ao delegado Enilton Pires Zala.

DESCONFIANÇA

Já Pedro e Inês, irmãos de Gaeta, questionam da versão de que ele foi baleado em frente a casa. 

Outro questionamento dos irmãos: médicos que atenderam Gaeta disseram a eles que o projétil atingiu a vítima de cima para baixo, a partir do ombro, não direto na barriga. Isso fez com que os irmãos reforçassem a suspeita de que o projétil teria ricocheteado e atingido a barriga de Gaeta.

Pedro Gaeta disse também ter ficado surpreso ao visitar o irmão na Santa Casa, na segunda-feira (29),  logo cedo. Havia lá um comunicado para o hospital não autorizar a entrada de Pedro e Inês porque o “paciente [Luiz] não tem contado [com os irmãos] há anos e fica agitado [quando os vê] e o médico pediu para não ter emoções”.

Ainda assim, Pedro Gaeta conseguiu visitar o irmão. Ele disse que ao ser barrado, recorreu ao comando do hospital e, por meio da religião – contou que era babalorixá, chefe espiritual – conquistou a permissão. Pedro disse que o estado do irmão é grave e que está sedado desde a madrugada de domingo.

POLÍCIA

O delegado que registrou o caso, Enilton Zalla, disse que o boletim de ocorrência é o primeiro ato da investigação. “A partir de agora começamos a ouvir as testemunhas. O boletim é só o início”, disse o delegado, que ainda não foi procurado pelos irmãos de Gaeta.

Por telefone, a reportagem quis ouvir a policial, mas o filho dela que atendeu. O rapaz disse que daria recado à mãe para retornar, mas até o fechamento deste material, não houve resposta.