Para eles, marido é autor de feminicídio

No início de fevereiro, familiares de Doriléia Nunes, de 23 anos, receberam a notícia da morte da jovem, moradora na Vila Marcos Roberto em Campo Grande. O caso é tratado como suicídio, mas a família, que vive em uma cidade do interior, suspeita que o marido da vítima tenha assassinado a mulher.

A advogada da família confirmou que espera o caso, registrado a princípio na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da Vila Piratininga, ser encaminhado para um dos delegados da 5ª Delegacia. Ela afirma ter indícios de que não se trata de suicídio, mas sim de feminicídio – homicídio qualificado por violência doméstica.

Na madrugada do dia 4, o marido de Doriléia acionou Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), informando que tinha encontrado a esposa pendurada por uma corda na cozinha e tirado a corda do pescoço dela. Os socorristas foram até a casa, fizeram manobras para reanimação, mas a vítima não resistiu.

Perícia e equipe plantonista da Polícia Civil estiveram no local e fizeram os procedimentos necessários. O caso é tratado como suicídio, mas familiares duvidam dos fatos contados pelo marido da vítima. “Ele não foi nem ao velório e desde então sumiu. Ele limpou a casa, não preservou o local, fechou a residência e foi embora para o interior”, revelou a advogada Karla Rivarola.

O marido informou à polícia que teve uma discussão com a vítima no dia 2 e que propôs o fim do relacionamento. O casal dormiu em quartos separados e não conversaram mais, e segundo ele, quando voltou para casa na noite do dia 3 após trabalhar e visitar um primo, encontrou a esposa enforcada.

Família e advogada afirmam que Doriléia iria se mudar no dia 4. “Vários pontos indicam que não teria sido suicídio. Nem a altura do banco que ela teria subido não bate”, afirmou a advogada. Segundo ela, a vítima chegou a mandar mensagem para uma amiga, dizendo que precisava conversar, pouco tempo antes de morrer.

A advogada afirma que familiares notaram hematomas no rosto da vítima no velório e tenta pedir a prisão preventiva do suspeito, pois teme que ele fuja. Nos próximos dias o caso deve chegar ao delegado, que investigará se trata-se de suicídio ou feminicídio.