Corremos o mesmo risco do ES? Maior ‘greve’ da PM no Estado já tem 20 anos

Campanha salarial deste ano já começou

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Campanha salarial deste ano já começou

Há quase 20 anos, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul teve uma das maiores greves de sua história em busca de melhorias, principalmente salariais. À época, foram 5 dias sem policiamento, situação que vive hoje o Espírito Santo, com um quadro muito mais grave, de violência à solta nas ruas. Esse cenário vistos nos jornais e nas televisões gera um ponto de interrogação: aqui, podemos viver algo desse tipo? A resposta é que a negociação salarial já começou, mas só termina em abril, pois a data-base do servidores sul-mato-grossenses é maio.

 O último reajuste que a categoria teve foi em 2014. No ano passado, foi dado um abono de R$ 200. “Este ano queremos correção inflacionária e ganho real”, afirma Edmar. O presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar, Edmar Soares, ao ser indagado sobre o risco de radicalização, diz que ele sempre existe, mas que essa não é a intenção. “Queremos dialogar sem prejudicar a população”. 

Edmar relembra que em 2013, o aquartelamamento da tropa, nome dado para movimentações desse tipo quando envolvem policiais, resultou em ganhos salariais ao longo do ano superiores a 30%. Em 1997, quando a situação era ainda pior, relembra, também houve ganho. Naquela época, o piso do soldado era de R$ 318, e depois da pressão passou para 500, aumento de 58%. A categoria reivindicava aumento para R$ 600.

O movimento teve adesão de toda a classe, incluindo bombeiros e policiais ambientais. Com a polícia de braços cruzados, o Exército assumiu a segurança de 28 cadeias do interior do Estado.

 

 

 

Melhorou, mas…

A corporação sul-mato-grossense, hoje, tem uma das menores remunerações do país, salário inicial de R$ 3,2 mil . O efetivo também é defasado, e considerado o menor da região Centro-Oeste:  São 5,6 mil servidores na ativa, ou seja: Um único policial a cada 492 habitantes; O último concurso da Polícia Militar foi em 2013.

O salário pago aos militares hoje nem se compara à remuneração do passado, mas no ranking de salários da Polícia Militar em todo o país, a corporação de Mato Grosso do Sul está em 10º posição com o salário inicial de R$ 3,2 mil de acordo com lista divulgada pela Associação Nacional das Entidades Representativas dos Militares Brasileiros (Anermb).

O último reajuste salarial oferecido aos policiais militares do Estado foi em 2014. À época, o salário era de R$ 2.589,49. Naquele ano, o governo cedeu dois reajustes, sendo o primeiro repassado em maio. Já em 2015, alegando recente aumento, o governador Reinaldo Azambuja não ajustou os salários dos policiais e prometeu uma readequação para 2016.

No ano passado, a briga pela melhora salarial foi marcada por impasses por causa da  proposta de Azambuja, em conceder abono salarial de R$ 200 em vez do aumento no salário base da categoria. A quantia representa 13% a mais na remuneração dos PM’s.

Para o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar, o cenário em Mato Grosso do Sul teve avanços, mas ainda existem deficiências que a corporação já enfrentava em 1997. “A gente vivia a extrema deficiência. Não tínhamos coletes a provas de bala, não existia. Hoje já estão proporcionando. O armamento era assim: o policial tinha que devolver ao deixar o serviço, funcionava como rodízio porque não tinha equipamento para todo mundo, hoje já tem”, comparou.

As dificuldades da corporação no estado, segundo ele, estão no salário e na conta do efetivo que não fecha. “O que não foi resolvido, principalmente é a questão do efetivo, continua praticamente o mesmo daquela época, mas a população aumentou”. A população de Mato Grosso do Sul é estimada em 2,6 milhões.

“Não estamos satisfeitos com o salário, o ideal seria 7 mil reais inicial, mas estamos conversando”, completou. O salário à patente de Coronel chega próximo de R$ 30 mil e a intenção, já para este ano, é que a diferença entre praças e os que estão no topo da carreira comece a ser reduzida. O combinado, na renegociação é que até 2018, o salário do soldado seja equivalente a 20% do de coronel. Hoje, o valor representa 17,7%.

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