Mesmo com clima tenso, afirma que situação está sobre controle

 

Mesmo diante da negativa da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) sobre os conflitos e ameaças entre membros do CV () e PCC (Primeiro Comando da Capital), áudios e até notas de convocação para o extermínio de uma das facções, vêm sendo divulgadas desde o mês passado.

O conflito entre as facções ficou evidente em princípio de motim no Presídio de Segurança Máxima na noite do dia 14 de dezembro, quando 33 presos ligados ao CV foram ameaçados de morte pelos outros internos e exigiram a transferência da unidade.

Os internos foram realocados logo em seguida, mas ameaças de que o PCC ia destruir tudo para matar os 33 presos no dia de visita se espalharam na Máxima. No dia seguinte, fotos que mostravam os presos membros da facção ‘posando' com facas artesanais foram divulgadas, aumentando ainda mais a sensação de guerra no local.

Foi nessa mesma época que as primeiras ameaças sinalizando ataques as cidades do Estado e também a polícia foram gravados. Nos áudios recuperados pelo Jornal Midiamax, um dos membros do Comando Vermelho afirma que não houve transferência no presídio, como relatado pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), e avisa:

 

 

“'Nóis' do Comando Vermelho já tomo até querendo paralisar o Brasil inteiro por conta dessa transferência, que não vem, nunca vem, e o MS tá de brincadeira cum nóis, o governo de MS tá de palhaçada com a nossa cara, entendeu? Eu acho que eles estão querendo que nóis mostre o poder de fogo aqui dentro do MS, aqui na Capital, nos interior de MS só assim eles vão transferir nóis, porque estão deixando nóis aqui para morrer na mão do PCC e se o CV morrer aqui na mão do PCC não vai ficar legal. Nóis vai dar resposta a altura, entendeu?”

Em outro trecho, o integrante da facção reforça: “Vamos ter que fazer alguma coisa, mandar explodir muro, mandar tocar fogo em ônibus, mandar explodir viatura, mandar fazer o caralho na rua, só assim o governo aqui desse estado vai tomar providências”.

Dias depois, em uma nota emitida pelo Comando Vermelho de Mato Grosso do Sul, membros da facção convocavam pessoas do ‘crime popular' e de oposição ao PCC para se juntarem a eles na extinção dos oponentes. “Vamos juntos combater os opressores do sistema penitenciário deste estado, pois na rua sabemos da fragilidade e falta de estruturas do PCC se nóis todos Unidos numa só voz, crime popular e oposição, em pouco tempo deixamos eles em extinção dentro do MS”.

“Qualquer criminosos da oposição ou do crime popular pode chegar na sintonia mais próximo do Comando Vermelho que nossos paiol esta aberto. Daremos total suporte dentro e fora dos presídios, deixaremos aberto o comércio de armas e drogas para aqueles nativos e forasteiros que se encontra disponível pra trabalhar com nóis CVRL Brasil”, escreveram em outro trecho.

Resposta

Nesta sexta-feira (6) tanto a Sejusp, como o Agepen, negaram que CV e PCC estariam próximos a se enfrentaram. Em nota, a secretária informou que a situação está controlada e que equipes da Polícia Militar, especializadas em conflitos, permanecem de prontidão. Segundo o comunicado, os integrantes de facções são mantidos em alas diferentes dos presídios.

Ainda assim, fontes ligadas às forças de segurança do Estado relataram ao Jornal Midiamax que qualquer sinal de conflito, ameaça ou movimento dentro dos presídios de Mato Grosso do Sul devem ser imediatamente comunicados a Sejusp e que todos estão em alerta por conta dos possíveis conflitos.

Novos sinais

Áudio gravado por meio de um diálogo telefônico, apreendido e já estaria nas mãos das autoridades ligadas a segurança de presídios de Mato Grosso do Sul, revela um suposto ataque, planejado para daqui uns dias, reforçaria a informação da guerra em curso envolvendo as organizações criminosas PCC (Primeiro do Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho).

O CV anunciou que vai atacar um ônibus que leva diariamente presos albergados para o Centro Penal Agro-Industrial da Gameleira, em , segundo o áudio, que estaria sendo vistoriado por investigadores da polícia, de maneira sigilosa.

No dia 3 desde mês, no Presídio Estadual de Dourados, em torno de 300 encarcerados do chamado Raio 1 tentaram invadir o pavilhão vizinho, o Raio 2, que abriga líderes, integrantes, e simpatizantes do PCC. Os presos de Dourados ficam em celas instaladas em três setores, raios 1, 2 e 3, onde ficam 800 presos em cada uma delas.

Para avançar até o Raio 2, os presos, que seriam chefiados por integrantes do tal Comando Vermelho, quebraram cerca de 100 cadeados e destruíram dezenas de portas construídas com ferro. Assim que chegaram perto do Raio 2, os presos do Raio 1 foram interceptados, de longe, por um grupo de 12 agentes penitenciários, que não usam armas.

Com apitos e, no “gogó”, disse a fonte, os agentes convenceram os encarcerados a desistirem da ideia da invasão.

De acordo com a fonte ouvida pelo jornal, os presos ligados ao CV quiseram entrar onde ficam os integrantes do PCC porque antes, durante o dia, baixou no pátio do presídio um Drone, aquele veículo aéreo não tripulado, controlado remotamente capaz de efetuar tarefas como carregar uma pizza ou uma bomba.

Um suposto integrante do PCC pegou o material deixado pelo Drone, que entrou e saiu do presídio sem ser incomodado pela segurança local, e seguiu para o Raio 2, dominado pela organização.