Ele estava em Rochedo 

Depois de pouco mais de três meses foragido, o policial militar aposentado Valdecir Ferreira foi preso pelo assassinato da namorada Kátia Campos Valejo, de 35 anos. O suspeito chegou a se apresentar a polícia em outubro de 2016, mas teve a prisão preventiva decretada dois dias depois e para escapar se mudou para Rochedo, onde foi encontrado no início deste mês.

A prisão aconteceu no dia 2 de fevereiro, no município localizado a 81 quilômetros de Campo Grande. Valdecir Ferreira estava foragido desde 21 de outubro, quando sua prisão preventiva foi decretada pela justiça. Na Capital, equipes da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) realizaram buscas em vários endereços, mas não conseguiram localizar o policial aposentado.

Dois dias antes do pedido de prisão ser aceito pelo juiz Carlos Alberto Garcete, o policial se apresentou na delegacia acompanhado do advogado. No depoimento afirmou ter matado a mulher em legítima defesa. Ele contou que teria conhecido e iniciado um ‘relacionamento’ esporádico com a mulher, onde se encontravam para manter relações sexuais, três meses antes do crime.

Na versão dele, no dia 16 de outubro Kátia teria ido até sua casa e o convidando para beber cerveja. O policial teria deixado à mulher entrar e juntos consumiram quatro latas de cerveja. Eles mantiveram relações sexuais, e em seguida o autor teria ido tomar banho e neste momento foi surpreendido pela vítima, segundo ele, em posse de seu revólver.

Os dois teriam entrado em luta e o policial militar teria conseguido tomar a arma da mão de Kátia, disparando quatro tiros contra ela, que morreu no local. Para a polícia, o homem ainda afirmou que a vítima parecia drogada quando chegou em sua casa. Com as investigações, a equipe da Deam constatou divergências no depoimento do policial.

Segundo a delegada Fernanda Félix, o suspeito e a vítima namoravam há pelo menos três meses, e não mantinham apenas um ‘caso’ como alegou o policial aposentado. Testemunhas relataram a polícia que Valdecir Ferreira frequentava a casa da família da vítima, tinha conhecimento que ela era usuária e havia prometido cuidar e tirar a mulher do mundo das drogas.

Para a delegada, as provas coletadas no local do crime comprovaram que o crime poderia ser evitado e que as atitudes do policial no dia do homicídio, como abandonar o corpo da mulher sem pedir socorro e também depois, contradizem a versão de legítima defesa.

“Entendemos que o crime era evitável, mesmo se a vítima estivesse com arma em punho, por se tratar de um policial com vasta experiência, facilmente conseguiria tirar a arma da mão dela. Até mesmo pela vítima ser uma mulher pequena. Além disso, ele afirmou ter sido roubado, o que se não sustenta, pois a vítima era namorada dele”, explicou à delegada.

O exame de balística, conforme a delegada, também comprovou que a arma, um revólver calibre 38, apreendia nas investigações, foi à mesma usada no crime. Com o policial preso e indiciado pelo crime de feminicídio, o inquérito policial deve ser enviado à justiça na próxima semana.

O caso

No início da manhã de segunda-feira (17), a filha do policial militar aposentado, foi até a casa do pai e encontrou o corpo da mulher no banheiro. Ela foi assassinada com três tiros, na cabeça e no tórax e vizinhos afirmam ter ouvidos os disparos na noite deste domingo (16).

Uma vizinha, que não quis se identificar, relatou a equipe do Midiamax ter ouvido de três a quatro tiros, mas como era comum o barulho de tiros, não deu importância, “Depois que roubaram a casa dele, era costume dar tiros para cima”, fala.