Agente que matou em show é indiciado por homicídio e polícia aguarda exames
Suspeito foi ouvido pela 2ª vez nesta terça-feira
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Suspeito foi ouvido pela 2ª vez nesta terça-feira
O agente penitenciário federal Joseilton Cardoso, de 33 anos – preso no dia 24 de setembro por atirar e matar Adilson Ferreira dos Santos, de 23 anos, em show realizado em estacionamento de shopping – foi ouvido pela Polícia Civil pela 2ª vez, nesta terça-feira (3) e indiciado por homicídio doloso simples. A defesa deve entrar, agora, com um pedido de revogação da prisão preventiva.
Nesta terça, segundo o advogado José Roberto da Rosa, o agente passou por um interrogatório complementar. Conforme Rosa, o delegado Paulo Sá entendeu que havia necessidade de um novo depoimento após apresentação de versões de cerca de 15 testemunhas.
“O processo fez uma curva porque as testemunhas trouxeram algumas versões que deram outra direção no caso, por exemplo, o fato de que o agente foi agredido. Então, a Polícia entendeu que seria necessário tirar algumas dúvidas”, disse.
A defesa informou que o agente foi indiciado por homicídio doloso simples, e que o delegado deve encerrar o inquérito com o resultado dos exames periciais.
“Eu devo encaminhar amanhã, o pedido de revogação da prisão preventiva e o pedido de medida alternativa”, disse.
Versão da defesa
A defesa afirma que o profissional atirou contra o jovem porque era espancado por ele depois de briga em fila de banheiro. José Roberto da Rosa, que representa o agente, conta que a linha da defesa será a de legítima defesa. Conforme o defensor, o delegado responsável pela apuração, Paulo de Sá, ouviu 15 testemunhas, dessas, seis teriam confirmado a versão do agente.
Joseilton afirma que estava em uma fila de banheiro e que Adilson e mais dois amigos furaram a fila. Pessoas teriam reclamado da atitude do trio e uma discussão teve início. O agente federal também se envolveu na briga e afirma ter sofrido uma rasteira feita supostamente por Adilson.
Nesse momento, o jovem e os dois amigos teriam iniciado agressões contra o agente, que estava no chão. Chutes e socos teriam sido dados contra o profissional. Resultados de exames periciais que indicarão a existência das agressões não foram apresentados pela defesa, em entrevista à imprensa nesta tarde.
Para se defender do espancamento, Joseilton teria pedido para que o trio parasse as agressões, mas sem ter o pedido atendido, decidiu sacar a arma e atirar uma vez contra Adilson. O disparo atingiu o tórax da vítima, que morreu no local.
Ainda conforme a defesa, um oficial da Polícia Militar que estava no show desarmou o agente e constatou que dos 15 projéteis do revólver, 14 estavam intactos. O advogado também confirma que o agente “muito provavelmente” bebeu mesmo estando armado.
“O pecado do Joseilton foi ter ido ao show, porque ele sabe que teria de ir armado, afinal ele cuida de presos extremamente perigosos e sabe da situação atual de agentes de segurança estão sendo caçados por criminosos”, justificou Rosa.
O inquérito que investiga o caso deve ser encerrado na próxima semana e só a partir de então que o advogado diz que irá analisar o pedido de um novo habeas corpus, já negado uma vez pela Justiça.
Em razão de Joseilton ainda estar no período de estágio probatório, que é de 3 anos, ele não voltará a atuar como agente penitenciário e deve ser exonerado da função pela União. “Meu cliente está nesse momento com a carreira encerrada”, completa o advogado.
Outra versão
A mãe do jovem, Marlene Souza Silva, de 44 anos, disse que esta era a primeira vez que o filho saia para um show, “Parece que eu estava pressentindo o que ia acontecer”, fala Marlene. De família evangélica, Adilson era um rapaz tranquilo e estava a menos de um ano morando em Campo Grande após vir embora de Santa Catarina, diz a mãe que chorava a morte do único filho.
Familiares afirmaram que o corpo foi retirado do local do crime, por volta das 5 horas, depois que o palco foi desmontado. A vítima trabalhava em obras e é pai de uma recém-nascida que não conheceu. A criança mora em Santa Catarina e Santos estava com viagem marcada para conhecer a filha.
Um dos primos de Adílson disse que ele encontrou o agente em um banheiro feminino com a porta entreaberta e pensando estar passando mal tentou ajudar, quando foi empurrado pelo autor que em seguida efetuou o disparo, que atingiu o tórax da vítima.
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