O caso aconteceu no Jardim Imá

O que deveria ser uma abordagem padrão da Polícia Militar se transformou em momentos de constrangimento, desespero e agressões para uma família do Jardim Imá, segundo a denúncia feita por eles à Corregedoria da corporação. Segundo o relato, o caso aconteceu na tarde desta terça-feira (2) durante as buscas pelo jovem suspeito de roubar uma motocicleta na região.

Para a equipe do Jornal Midiamax, o gerente administrativo de 43 anos, que pediu para ter a identidade preservada, contou que por volta das 14h foi surpreendido por um policial dentro do seu quintal. A primeira a perceber que o militar havia pulado o muro de sua casa foi sua irmã, de 47 anos.

Quando a mulher percebeu a ação policial, segundo o relato, o militar já havia vistoriado uma edícula do imóvel, onde o filho do gerente mora. Da porta da cozinha, a testemunha foi avisada pelo policial que a casa também seria vistoriada, porque um suspeito havia pulado o muro e entrado na residência. Neste momento, a entrada teria sido ‘bloqueada’ pela família.

“Avisei que não tinha ninguém dentro da casa e falei que era o primeiro a entregar se tivesse. Mas não tinha, estava todo mundo em casa, ninguém entrou lá”, diz o proprietário do imóvel. “O policial falou que ia entrar e revistar, me empurrou e deu uma cotovelada no peito da minha irmã. Ele revistou tudo, até dentro da maquina de lavar, abriu a geladeira, mas não encontrou nada”, afirmou.

O homem contou ainda que o suspeito procurado pela polícia já foi namorado de uma das suas filhas, mas que hoje eles não mantêm nenhum tipo de relacionamento.

Durante toda a ação, o policial, que mais tarde foi identificado como 3º sargento da Força Tática do 1º Batalhão da Polícia Militar, os moradores afirmam que disseram que ele não poderia agir daquela forma, mas foram chamados de “vagabundos que acoitavam vagabundos”. Na casa estavam o gerente administrativo, as filhas de 20 e 17 anos, a mulher, a irmã e a mãe de 81 anos.

Prisão

Depois da ação e do desentendimento dentro da casa, o sargento, segundo as informações relatadas, mandou que todos saíssem e pediu reforço da guarnição. “Ele ficou o tempo todo com a arma em punho, engatilhou a arma na nossa cara. A gente foi saindo por medo, para de preservar mesmo, lá fora tinha testemunhas. Os outros policiais ficaram sem entender”, contou o morador.

Já do lado de fora, o sargento orientou os outros militares a prenderem a família e uma nova discussão começou. Segundo o gerente, toda a ação foi filmada pela esposa e pela filha. Ainda de acordo com ele, até as imagens da ação foram usadas como desculpa para levá-los até a delegacia.

“Ele falou que se minha filha estava filmando tinha que ser levada para a delegacia como testemunha, tentou pegar o celular dela, mas ele não quis dar e me entregou. Nessa hora ele foi colocar ela dentro da viatura e enforcou minha filha de 17 anos, a irmã dela foi ajudar e foi levada também, ele ainda falou que ela ia apanhar quando chegasse na delegacia, todo mundo ouviu” lamenta o pai.

Ainda segundo o homem, as filmagens que estavam no celular da mulher foram apagadas pelos policiais e os celulares de ambas as mulheres foram danificados. ‘Ficaram com a tela quebrada’, afirma.

A irmã e a esposa do gerente foram levadas no camburão, junto com as duas filhas do casal, para a 7ª Delegacia de Polícia Civil, detidas por  à autoridade. “Ninguém tinha passagem, todo mundo com ficha limpa. Esse rapaz que ele garante que entrou na minha casa não, se eu vir ele sou o primeiro a entregar, não quero ele nem passando na minha rua”, defendeu-se o homem.

No mesmo dia, a família tentou registrar um boletim de ocorrência contra o sargento, mas na delegacia foi orientada a procurar a Corregedoria da Polícia Militar. “Somos no IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal) fazer corpo de delito, mas precisava de um documento para o exame”, afirmou.

A família procurou a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher) para registrar o caso e também a Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude). Nesta manhã, o caso foi denunciado na Corregedoria e a irmã do gerente e a filha de 17 anos passaram por exames de corpo de delito.

Polícia Militar

Por nota, a Polícia Militar afirmou que um inquérito para apurar a conduta dos militares já foi instaurado e o caso agora é acompanhado pela corregedoria.

Veja o vídeo aqui: