Promotor alerta Estado sobre ofensiva do PCC e apela por mais controle na fronteira

MPE já havia identificado membros de facções criminosas na região em 2009

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MPE já havia identificado membros de facções criminosas na região em 2009

Atento às ações do PCC (Primeiro Comando da Capital) em Mato Grosso do Sul há pelo menos sete anos, o promotor de Justiça João Linhares Júnior, titular da 4ª Promotoria de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, alertou autoridades estaduais e federais sobre uma possível ofensiva da facção criminosa pelo controle total do tráfico de drogas e armas na fronteira com o Paraguai.

Nesta quarta-feira (22), o MPE (Ministério Público Estadual) divulgou matéria em que Linhares Júnior apela às autoridades do Estado e da União que consolidem com urgência “uma política de segurança pública para a fronteira que comporte, dentre outros pontos, gestão integrada, estrutura de inteligência ampla e moderna, troca de informações interagências, prevenção e investigação eficientes”.

“Não dá para ganhar a fórmula 1, correndo com um fusquinha”, ilustrou o promotor, que em 2009 já alertava para a futura instabilidade na fronteira, depois de prender 11 traficantes vinculados a facções criminosas como PCC, CV (Comando Vermelho) e ADA (Amigos dos Amigos).  Naquele ano, a Operação Conexão 163, realizada em conjunto com a PF (Polícia Federal), desvendou crimes de tráfico de drogas.

“Isso gerou um alerta de que o nível de atuação das facções e de instabilidade na fronteira seria elevado consideravelmente nos anos seguintes”, ressaltou Linhares Júnior, que informa a presença de 730 integrantes do PCC entre os mais de 2 mil presos da PED (Penitenciária Estadual de Dourados), município considerado entreposto do tráfico internacional por estar a 121 quilômetros de Ponta Porã, que faz divisa com Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

Ao constatar que as facções criminosas interessadas em controlar essa fronteira esquecem as diferenças e chegar a formar alianças entre si “para alcançar resultados de seus interesses”, o promotor avalia que “a recente espiral de violência” desencadeada com o assassinato do narcotraficante Jorge Rafaat “aponta que especialmente o PCC está agindo para tomar todo o espectro criminoso e gerenciar completamente a dinâmica que envolve principalmente o tráfico de drogas, a partir do Paraguai, com passagem por Mato Grosso do Sul”.

O uso de armamento pesado na execução de Rafaat, com metralhadora antiaérea calibre .50, por exemplo, deixa claro que os criminosos têm investido pesado para obter os resultados que almejam.

“Afigura-se urgente que o Estado (União, Estados e Municípios) consolide uma política de segurança pública para a fronteira que comporte, dentre outros pontos, gestão integrada, estrutura de inteligência ampla e moderna, troca de informações interagências, prevenção e investigação eficientes, pois, ‘não dá para ganhar a fórmula 1, correndo com um fusquinha’. Nesse sentido, a implantação do Sistema de Monitoramento da Fronteira (SISFRON), projeto que está em vias de implantação em Dourados e região pelo Exército Brasileiro, revela-se como um alento e como um novo paradigma de combate ao crime organizado”, ponderou Linhares Júnior.

Nesta semana, diante do clima de insegurança na fronteira após seguidos tiroteios que culminaram na morte de mais três pessoas, o Governo do Estado enviou equipes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) de Campo Grande para atuar em Ponta Porã, a 313 quilômetros da Capital. 

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