Juan Carlos Abadia e José Reinaldo Giroti também planejavam escapar

Dois ex-agentes penitenciários federais foram denunciados pelo MPF-MS (Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul) sob acusação de corrupção passiva, decorrente de participação em esquema de fuga de detentos da Penitenciária Federal de , em 2008.

O plano que colocaria em liberdade o traficante , o colombiano Juan Carlos Abadia e José Reinaldo Giroti – do roubo ao Banco Central de Fortaleza – foi frustrado pela Polícia Federal. Em 2009, teve início uma investigação que mais tarde revelou detalhes do esquema. De acordo com informações divulgadas pelo MPF-MS, os ex-agentes Humberto Campos e Gustavo Jaeger receberem vantagens ilegais de detentos da Penitenciária Federal de Campo Grande, dentre eles o próprio Beira-Mar e Choque (Alexander de Jesus Carlos).

Os ex-agentes poderão responder por crime (artigo 317, do Código Penal) que prevê pena de reclusão de 2 a 12 anos de prisão, sendo que o MPF deverá pedir o aumento em 1/3, em decorrência da “infração ao dever funcional”, já que os crimes foram praticados na condição de agentes.

Em 2013 e 2014, Jaeger e Campos foram demitidos após as investigações, que revelaram, inclusive, movimentações bancárias incompatíveis com a renda dos denunciados: numa das dez contas mantidas por eles, foi constatado depósito ‘sem indicação de origem' no valor de R$ 52.863,92, em maio e junho de 2013.

Investigação

O Setor de Inteligência da PFCG (Polícia Federal de Campo Grande) constatou que, em 2008, havia uma articulação de um plano de fuga em massa de detentos vínculos à facção Comando Vermelho, de forma que, para executar o plano, seria necessária a colaboração de agentes penitenciários federais. Eles forneceriam informações sobre procedimentos de segurança e pontos cegos da prisão, que facilitariam a fuga. Após a PF a frustrar os planos, o próprio Fernandinho Beira-Mar confirmou a intenção de fuga, destacando que agentes recrutados seriam pagos por advogados.

O envolvimento de Gustavo Jaeger no plano ficou comprovado após a investigação constatar, por meio de oito Procedimentos Administrativos Disciplinares (PAD), que o denunciado manteve contatos indevidos com detentos. Na ocasião, os PAD foram aceitos pelo ministro da Justiça, um para cada conduta indevida praticada, e registraram, por exemplo, conversa e entrega irregular de objetos a Marcinho VIP – líder do ‘Comando Vermelho'.

Os procedimentos também revelaram conversas indevidas com Leandrinho Quebra-Osso, da milícia ‘Liga da Justiça', além de desconexão de cabos de rede em equipamentos para transmissão e armazenamento das imagens das câmeras de monitoramento da penitenciária. A investigação também comprovou que Humberto Campos manteve contato indevido com Fernandinho Beira-Mar, enquanto o conduzia entre os setores de isolamento e de saúde da PFCG.