PMs confirmam tiros em depoimento no julgamento, mas negam intenção de matar
Disparos foram feitos para o alto
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Disparos foram feitos para o alto
Bonifácio dos Santos Júnior, de 39 anos, e Osni Ribeiro de Lima, de 38 anos, confirmaram que houve disparos de arma de fogo na madrugada do dia 28 de outubro de 2012, porém a intenção não era de matar. O caso está sendo julgado na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, pelo magistrado Thiago Magazawa Tanaka.
A argumentação de ‘negativa de autoria’ é a estratégia para a defesa de ambos, conforme informou os advogados deles. Os dois foram ouvidos no início do julgamento e Osni disse que foi até a casa noturna Santa Fé, que funcionava na Rua Brilhante, Vila Bandeirantes, região sudoeste de Campo Grande, para se divertir.
Ele passou na casa de Bonifácio e ambos participaram dos festejos. No fim da festa, Osni disse que quando entrava no veículo, viu um colega apanhando. Ele foi ao socorro do rapaz e acabou sendo agredido. O tumulto envolvia ao menos oito pessoas.
“Ouvi tiros e o pessoal abriu. Então corri para o carro e Bonifácio também e fomos embora. Não vi da onde vieram os tiros e não vi se alguém se machucou”, explica Osni, que deixou o colega na casa dele e foi embora para a dele.
Já Bonifácio disse que ambos são amigos há mais de 20 anos e que a confusão ocorreu na hora da saída. “Quando fui para o carro, percebi que Osni não estava lá. E notei que tinha um tumulto, onde ele era segurado por um e os demais o agrediam, sendo que havia um suspeito com uma faca nas mãos o ameaçando”, relata.
Com isso, ele disse que deu dois tiros para cima como advertência. “Eles continuaram segurando Osni e outra parte do grupo veio para cima de mim, então eu dei um tiro na diagonal para cima. Com isso, eles abriram e a gente foi para o carro”, lembra e afirma que, “não vi se alguém saiu ferido. Só sei que acordei com a polícia na minha casa dando ordem de prisão”.
Reincidência
Bonifácio foi excluído do quadro da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) em julho do ano passado, depois de condenado pela auditoria militar a 10 meses de prisão. Na época, a defesa dele conseguiu com que a detenção fosse suspensa, porém ele não participa da carreira militar.
O fato ocorreu porque Bonifácio teria agredido um homem em Porto Murtinho. Ele revelou que estava atrás de um suspeito, quando este caiu e se machucou durante uma ocorrência, porém o homem alegou que apanhou do militar na época.
Desqualificações
Com as alegações dos envolvidos no processo e com o relato de Max Bruno de Souza Leite, que afirmou na manhã de hoje, no plenário, que ‘achou que um dos tiros foi para ele’, o caso teve a primeira desqualificação pelo MPE (Ministério Público Estadual).
O promotor pediu que a tentativa de homicídio fosse retirada do processo, assim como a acusação contra Osni, que ele denunciou naquela ocasião por favorecimento pessoal, pois ele foi ajudado pelo colega e por isso teria dado fuga. Com isso, Osni pode responder de um a seis anos de detenção e multa.
Por outro lado, foi sustentada a denúncia contra Bonifácio que pode responder a penalidade de 12 a 30 de prisão.
Denúncia
O crime aconteceu durante a madrugada daquele dia. Bonifácio, militar, que era lotado na extinta Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e de Operações Especiais), teria efetuado vários disparos contra as pessoas que estavam na rua, por causa de uma briga. O policial foi detido junto com um colega, o também policial militar Osni que teria ajudado na fuga do suspeito.
No processo consta que Bonifácio estaria armado com um revólver que pertence à Sejusp/MS (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul). Ele teria efetuado um disparo contra a cabeça de Max Bruno, porém “não logrando êxito em seu intento por circunstâncias alheias à sua vontade (…), utilizando-se da mesma arma de fogo, efetuou um disparo contra a cabeça de Ike, acertando-o na região frontal e causando-lhe o óbito”, conforme consta em trecho da denúncia.
Eles chegaram a ficar detidos, mas Osni teve o pedido de HC (Habeas Corpus) deferido e posto em liberdade no dia 19 de dezembro de 2012. Já Bonifácio teve o pedido de liberdade concedido em 15 de abril de 2013.
Os dois sempre negaram os crimes em todas as oportunidades em que foram ouvidos, mas várias testemunhas afirmam que eles são os autores dos delitos. Durante a fase de instrução do processo foram ouvidas 17 testemunhas.
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