Ele fazia anotações sobre as jovens

João Carlos Ribeiro da Costa, de 34 anos, que trabalhava como garçom foi preso em trabalho conjunto das delegadas da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Rosely Molina, Franciele Candotti e Marília de Brito Martins. Ele é apontado pela polícia como responsável por pelo menos 5 casos de e tentativa de estupro em .

Segundo as delegadas, João Carlos agia sempre da mesma forma. Ele conseguia os dados pessoais das vítimas através da internet, de redes sociais e de bate-papo e chegou até a conversar com vítimas pelo WhatsApp. De acordo com a polícia, ele fazia uma busca minuciosa para levantar todos os dados das jovens e descobrir nome completo, endereço e, principalmente, se elas moravam sozinhas.

A série de crimes cometidos por João teve início em julho deste ano e o último, registrado na delegacia, ocorreu em 29 de setembro. De acordo com as delegadas Rosely, Franciele e Marília, ele pode ter cometido outros crimes semelhantes, que não chegaram ainda ao conhecimento da polícia.

Modus Operandi

João cometia os estupros sempre da mesma forma e ainda roubava as vítimas. Nos cinco casos registrados, ele invadia a casa das vítimas, que moravam sozinhas. Ele chegava aos locais em uma motocicleta e estava sempre vestido de roupas pretas, colete, bota, toca e luvas e portava uma faca.

O criminoso ameaçava e amarrava as mãos das vítimas, as colocava na cama e cometia os abusos. De acordo com o relato das jovens, ele cometia o estupro, andava pela casa, revirava os móveis e voltava a cometer o abuso outras vezes. Ele ainda colocava uma fronha na cabeça das vítimas, para que elas não o vissem.

Ainda segundo a polícia, João permanecia na casa das vítimas por aproximadamente uma hora e meia e após cometer o estupro, ele fugia levando pertences e objetos pessoais como roupas e até documentos. Antes de sair da casa das vítimas, ele as trancava no banheiro, tirava a fronha da cabeça delas e fazia ameaças para que elas não gritassem ou chamassem a polícia.

Os casos

Na madrugada do dia 20 de julho, João fez uma vítima no Jardim Aero Rancho, na região sul da Capital. Ele invadiu a casa de uma jovem, de 24 anos, que estava na sala da residência, assistindo televisão. De acordo com a delegada Franciele, ele sempre tomava o cuidado de verificar se as vítimas realmente estavam sozinhas nas casas.

João Carlos amarrou a vítima, praticou o estupro várias vezes, ficou no local por aproximadamente uma hora e meia, agrediu a jovem com tapas na cabeça, quando ela ameaçou gritar, e fugiu levando dinheiro e celular.

No dia 21 de agosto, por volta da 1 hora, o homem invadiu a casa de uma jovem, de 24 anos, no Bairro Guanandi, região sudoeste de Campo Grande. Da mesma forma como agiu com a primeira vítima, ele amarrou a jovem, cometeu o estupro e ainda, segundo a polícia, ele não usou preservativo. Ele ficou também aproximadamente uma hora e meia na residência e fugiu levando celular e dinheiro.

No dia 16 de setembro, João Carlos invadiu uma casa, em um condomínio no Jardim Parati, região sul da Capital. Ele entrou na residência por volta das 3 horas e abordou a vítima, de 30 anos, que dormia no quarto. De acordo com o relato da vítima, ela ainda tentou pedir socorro, mas ele a ameaçou com a faca e ordenou que ela ficasse quieta, ou mataria o filho dela que dormia no quarto ao lado.

João ainda passou a faca nas partes íntimas da vítima e colocou um cobertor na cabeça dela. Ele pediu para que ela retirasse o cobertor, porque a estava sufocando, e ela conseguiu ver o homem pelo espelho. De acordo com a mulher, João andava de cueca pela casa e estava ‘bem a vontade'. Ela conseguiu notar um momento de descuido dele, pulou a janela do quarto e pediu socorro.

Os vizinhos ouviram os gritos da vítima e o suspeito fugiu. Neste caso, não houve a conjunção carnal, mas de acordo com a polícia, ficou clara a intenção do estupro. Ele também não conseguiu roubar nenhum objeto da casa antes de fugir.

No quarto caso, o suspeito abusou de uma jovem de 21 anos no Jardim Montevidéu, região norte de Campo Grande. A vítima saiu de casa, por volta das 2 horas, para colocar o lixo na rua, momento em que foi abordada por João, que chegou ao local na motocicleta, uma Honda vermelha. Ele a ameaçou com a faca e ordenou que ela entrasse na casa, após confirmar que a vítima estava sozinha.

Como nos outros casos, a vítima foi amarrada e violentada e o assaltante fugiu após ficar mais de uma hora na casa, revirando os pertences da vítima e abusando sexualmente dela. Ele roubou celular, aparelho DVD e roupas da jovem.

No último caso registrado pela polícia, no dia 29 de setembro, João fez uma jovem de 26 anos vítima na Vila Santa Luzia, na região noroeste da Capital. Na ocasião, ele invadiu a casa da vítima por volta das 22 horas e ficou aproximadamente 2 horas no local. A jovem ficou com os punhos machucados, por ter sido amarrada pelo homem. Após estuprar a vítima e revirar a casa, João fugiu levando celular, alguns objetos e um anel da vítima.

Prisão

A Polícia Civil iniciou investigação e, de acordo com a delegada Molina, as vítimas reconheceram a voz do suspeito e souberam dar detalhes sobre ele, já que, apesar de colocar uma fronha na cabeça das vítimas, João tirava o pano e permitia que as vítimas o vissem antes de sair da casa. No dia 2 de outubro, a polícia já tinha mandado de busca e apreensão na casa de João Carlos.

Na residência do suspeito, localizada no Jardim Morenão, região sul de Campo Grande, os policiais localizaram os objetos pessoais das vítimas, celulares, anel e documentos. Ainda de acordo com as delegadas responsáveis pelo caso, na casa de João Carlos foram encontradas anotações com informações pessoais das vítimas e de outras possíveis vítimas, com nomes e endereços.

João Carlos negou as acusações e afirmou para a polícia que as vítimas eram garotas de programa, que cobravam entre R$ 100 e R$ 150. Mas as delegadas negam a declaração e afirmam que uma das vítimas era virgem. Ele responderá pelos crimes de estupro e roubo.

Cuidado

A delegada Rosely Molina orienta que as pessoas, neste caso as mulheres e possíveis vítimas, devem tomar muito cuidado com as informações que expõem na internet. De acordo com a delegada, elas não devem fornecer dados desnecessários.

Além disso, a delegada orienta que as mulheres tomem cuidado ao andarem sozinhas em locais ermos e principalmente durante a noite e madrugada. A delegada acredita que, após a divulgação do caso de João Carlos, outras vítimas podem procurar a polícia.

Ainda de acordo com Molina, de janeiro a outubro de 2015, foram registrados 69 casos de estupro contra mulher em Campo Grande, contra 75 casos registrados em 2014. A delegada orienta que as vítimas procurem imediatamente a polícia após o crime, para que possam receber atendimento psicológico e médico e façam os exames de corpo de delito.