Você não acha ninguém aqui na cidade. Abandonaram a cidade

O vereador Joaquim dos Santos (DEM), um dos quatro que não foram afastados em Ribas do Rio Pardo, onde sete vereadores foram suspensos pela Justiça, disse que avisou colegas que a farra com diárias não terminaria bem. O vereador diz que avisou colegas, mas foi voto vencido na Câmara.

Segundo Joaquin, o afastamento dos vereadores não causou tanta surpresa na população, visto que operação do Gaeco há alguns dias já anunciava problemas. Para os vereadores, segundo ele, a surpresa foi ainda menor, visto que as suspeitas de irregularidades já eram discutidas em reuniões internas.

“A Justiça está sendo feita. Eu havia avisado os vereadores, dizendo que eles teriam que devolver dinheiro, que estavam gastando demais, para tomar cuidado. Mas, fui voto vencido. Não tivemos votos suficientes para barrar”, justificou.

O vereador nega omissão e diz que sempre discutiu o assunto em reuniões internas, embora nunca tenha levado ao plenário, visto que não é do seu perfil e prefere ficar quieto aguardando a Justiça. Indagado sobre o porquê de não ter sido convidado a participar, o vereador alegou que chegou a ser convidado para viagens, mas nunca aceitou.

“Fui chamado para viajar, mas em coisa errada eu não vou. Tenho cinco mandatos, quatro como vereador e um como prefeito, de 2005 a 2008. Tem denúncia de que pegavam o dinheiro para viajar e nem iam”, contou.

O vereador afirma que não conversou com nenhum dos afastados porque eles estão sumidos. “Você não acha ninguém aqui na cidade. Abandonaram a cidade. Eu acredito que seja para procurar socorro, pelo jeito”, concluiu.

O Caso

O juiz Evandro Endo afastou sete vereadores da Câmara de Ribas do Rio Pardo: Adalberto Alexandre Domingues (PRTB), o Betinho, presidente da Câmara; Antonino Ângelo da Silva (PSC), vice-presidente; Célia Regina Ribeiro (PSDB); Cláudio Roberto Siqueira Lins (PTdoB); Diony Erick Lima (PSDC); Fabiano Duarte de Souza (PR) e Justino Machado Nogueira (PDT). Também foram afastados os servidores: Cacildo Camargo, Gil Nei Paes da Silva, Marcos Gomes da Silva Junior, Natanael Godoy Neto e Walter Antônio

O afastamento ocorre após Operação Viajantes, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), realizada no início do mês, quando vereadores e servidores foram investigados por suspeita de fraudarem licitações e forjarem documentos para recebimento de diárias.

De acordo com a investigação, políticos teriam forjado viagens e participações em eventos e reuniões fora de Ribas do Rio Pardo. O esquema seria para receber indevidamente valores relativos a diárias.Em outubro, uma decisão já havia determinado que o presidente da Casa de Leis suspendesse o pagamento de diárias a vereadores e servidores. Conforme levantamento, somente de janeiro a setembro de 2014, o legislativo teria gasto cerca de R$ 523.400,00 de recursos públicos com o pagamento dessas diárias.

Cada uma chegaria ao valor de R$ 750 para cada deslocamento dentro do Estado e R$ 1.500,00 para cada dia de viagem fora do Estado. Além disso, de acordo com o MPE-MS (Ministério Público Estadual em Mato Grosso do Sul) houve gastos excessivos parte da Câmara com empresas terceirizadas de publicidade, informática, assessorias contábeis e jurídicas, com valores que podem ultrapassar mais de R$ 3,5 milhões.