Milhares de membros da tropa de choque armados com canhões de água e granadas de efeito moral entraram em confronto com manifestantes antigoverno no centro da capital da Ucrânia, Kiev, deixando ao menos 25 mortos. Entre os mortos estão pelo menos sete policiais, 14 civis, incluindo três atingidos por disparos, e um jornalista, disse o ministro do Interior Vitaliy Zakharchenko.

Após quase três meses de ocupação, a tropa de choque lançou-se contra o principal acampamento da oposição, na Praça da Independência (conhecido localmente como Maidan), desmantelando algumas das barricadas e incendiando muitas das tendas dos manifestantes.

Mas os 20 mil manifestantes contra-atacaram armados com pedras, bastões e bombas incendiárias e cantando o hino nacional ucraniano.

A ação foi lançada depois que as forças de segurança estipularam as 18 horas locais como prazo para que os protestos antigoverno tivessem fim e cercaram a Praça da Independência, que tem sido palco de protestos em sua maioria pacíficos desde novembro.

Previamente à ação policial, milhares de manifestantes contrários ao governo enfrentaram a polícia nos arredores do Parlamento, incendiando um caminhão da polícia e arremessando pedras no primeiro episódio real de violência na capital Kiev em mais de três semanas.

Os manifestantes marcharam para o prédio do Parlamento numa manobra para manter a pressão sobre o presidente Viktor Yanukovych para que ele abra mão de parte dos poderes presidenciais.

Mas, quando foram impedidos de avançar por uma linha de caminhões cerca de 100 metros antes do prédio, os manifestantes atiraram pedras na polícia, disse uma testemunha da Reuters. Dois coquetéis molotov incendiaram dois caminhões.

A polícia respondeu disparando bombas de efeito moral dos caminhões e do topo do prédio para tentar dispersar a multidão.

Dentro do Parlamento, líderes da oposição suspenderam os trabalhos ao bloquear os oradores e insistir que os parlamentares discutissem seu pedido por mudanças constitucionais que reduziriam os poderes de Yanukovych.

Yanukovych enfrenta os protestos de rua liderados pela oposição desde que desistiu de um pacto comercial com a União Europeia em novembro e optou por estreitar os laços com a Rússia, que dominava a Ucrânia na era soviética.

Líderes oposicionistas pressionam para que ele aceite restrições ao seu poder, o que permitira a eles formar um governo independente para encerrar os tumultos nas ruas, atualmente em seu terceiro mês, e salvar a economia do colapso.