Falta de policiamento, moradores de rua que saem do Centro de Triagem e Encaminhamento ao Migrante (Cetremi), adolescentes usuários de drogas e o aumento populacional são alguns dos fatores apontados pelos moradores da região do Maria Aparecida Pedrossian, em para o aumento dos casos de furtos e roubos no bairro. Na segunda-feira (19) passada, uma família foi feita refém por bandidos que roubaram uma caminhonete. Os moradores dizem que difícil é achar quem não foi assaltado.

Na principal avenida do bairro, a farmacêutica Veridiana Alcântara Henrique conta que o local foi assaltado na semana passada. Um ladrão entrou no estabelecimento e rendeu um funcionário e uma cliente. Foi roubado o dinheiro do estabelecimento, um relógio do funcionário e o dinheiro da cliente, que chegou a passar mal durante o assalto.

Moradora do bairro, ela confirma que a onda de roubos vem atingindo a região. “É perigoso. Antes era tranquilo”, diz. Uma cliente da farmácia diz que adolescentes são frequentemente vistos fumando maconha pelo bairro.

Os moradores relembram quando podiam ficar nas calçadas, conversando e não havia perigo no bairro. “Graças a Deus nunca fui assaltada, mas antes a gente podia ficar até 2 horas da manhã conversando na frente de casa, agora, 11 horas da noite, ninguém mais saí. O portão tem que ficar trancado”, diz a operadora de caixa Daiane Aparecida Dias. Ela conta que a mãe já foi assaltada e sabe de vários locais que foram alvos dos ladrões pelo bairro.

No Panorama, a situação na é diferente. Dono de um mercado, Vanderson Ramos Ribero, diz que após as 19 horas, coloca uma grade na porta do estabelecimento e só atende os clientes já conhecidos.

Segundo o presidente da Associação de Moradores do Residencial Maria Aparecida Pedrossian, Jânio Batista de Macedo, conta que hoje, moram  27 mil pessoas na régião que compreende os bairros Maria Aparecida Pedrossian, Jardim Panorama, Residencial Oiti, Fernando Sabino, Jardim Samambaia e Dhama, porém não há posto da PM na região.

Macedo diz que foi realizada no último sábado (24), uma reunião com moradores, comerciantes e a Polícia Militar para discutirem a segurança no bairro e a principal reivindicação é uma unidade mista de segurança que tenha pelotão da PM e um quartel do Corpo de Bombeiros. “Há cerca de três semanas, houve uma onda de assaltos, agora estamos vendo mais a presença da polícia”, afirma.

Conforme o presidente, outro problema para os moradores é a presença de moradores de rua, que saem do Cetremi e ficam pelas ruas da região. “Eles ficam pouco tempo no Cetremi e entram na comunidade. Ficam mendigando ou trabalham como ‘chapas'”, diz Macedo.

O pesquisador Petterson Barbieri, diz que mora há 30 anos no bairro e percebe que muitos moradores já abandonaram a região, por conta dos problemas causados pelo aumento populacional e criação de novos bairros que não foram acompanhados pela presença de policiamento.

“Tinha uma Delegacia de Polícia Civil, mas foi desativada. Na época disseram que seria instalada uma 24 horas, mas até hoje, não fizeram nada”, diz. O pesquisador também aponta o Cetremi como um problema para o bairro. “É péssimo. Eles passam o dia pedindo e olhando as casas”, acrescenta.

De acordo com a chefe da divisão de alta complexidade da Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS), Darci Alves Garcia, o Cetremi atende moradores de rua de Campo Grande e trabalhadores migrantes de outras cidades e Estados. Ela explica que o trabalho do Cetremi é acolher adultos que estão nas ruas. Durante o dia, eles podem sair para as ruas e que o centro não tem o direito de mantê-los no local.

“Fazemos o trabalho de identificação da família, caso sejam usuários de drogas, é oferecido o tratamento, mas não podemos impedi-los de ir e vir”, diz. Com relação aos migrantes, a chefe explica que eles permanecem durante por quatro a seis dias até serem reencaminhados para cidade de origem, e que eles permanecem durante a estada na cidade dentro do centro.