Cachoeira entrega passaporte à Polícia Federal
A defesa do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, entregou o passaporte dele à Polícia Federal na tarde desta sexta-feira. O prazo para a entrega do documento encerrava-se às 18h. O advogado Nabor Bulhões garantiu que “todas as determinações da Justiça serão cumpridas”.x Mais cedo, Bulhões se mostrou indignado com o novo pedido de […]
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A defesa do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, entregou o passaporte dele à Polícia Federal na tarde desta sexta-feira. O prazo para a entrega do documento encerrava-se às 18h. O advogado Nabor Bulhões garantiu que “todas as determinações da Justiça serão cumpridas”.x Mais cedo, Bulhões se mostrou indignado com o novo pedido de prisão contra o contraventor e outros cinco réus da Operação Monte Carlo, feito pelo Ministério Público Federal.
Para o defensor, os procuradores que atuam no processo estão equivocados em insistir em manter o bicheiro na cadeia. “O MPF quer antecipar a pena e insiste em tomar atitudes desmensuradas como esta. Abusa do poder de denunciação e, começo a achar, persegue meu cliente”, disse.
Segundo Bulhões, a defesa de Cachoeira contra o novo pedido de prisão deve alegar fragilidade dos indícios apontados pelos procuradores. “Do ponto de vista legal, não há nada que justifique devolver o Carlos Augusto à prisão. A denúncia não é nova, faz parte ainda da investigação da Monte Carlo”, afirma. O advogado lembra que a prisão preventiva só deve ser decretada em circunstâncias especiais. “Meu cliente não representa ameaça, não há prova de desvio de recursos públicos, não há nada. A atitude do MPF de Goiás só diminui o prestígio desta importante instituição”, disparou.
O procurador da República Daniel de Resende Salgado pediu nova prisão preventiva para Cachoeira, Lenine Araújo, José Olímpio de Queiroga, Raimundo Washington Queiroga, Francisco Marcelo Queiroga e Arnaldo Rúbio, alegando que eles ainda mantêm funcionando e sob sua influência o esquema criminoso do jogo ilegal, principalmente em Brasília, mesmo após a eclosão da Operação Monte Carlo.
O pedido faz parte da segunda denúncia apresentada no último dia 14 de novembro pelo MPF-GO contra Cachoeira e mais 16 pessoas do grupo comandado por ele, acusados desta vez pelo crime de depósito e exploração comercial de máquinas caça-níqueis, compostas por equipamento eletrônicos importados contrabandeados.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.
Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.
Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.
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