Os policiais que integram as forças de Segurança que trabalham na ocupação da Favela da Rocinha, em São Conrado, Zona Sul da cidade, encontraram uma ossada sem cabeça enterrada na localidade conhecida como Laboriaux, na parte mais alta da comunidade, na noite deste domingo. Agentes da DH (Divisão de Homicídios) foram para a Rocinha nesta segunda-feira para fazer a perícia na ossada.

O DNA será analisado para descobrir a identificação da vítima, mas a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, que está visitando a comunidade, não acredita que o local seja um cemitério clandestino. De acordo com ela, este deve ser um caso de isolado de desova de corpo.

A primeira madrugada de ocupação na comunidade foi tranquila. Não foram registrados confrontos, prisões ou apreensões nesta segunda-feira, véspera do Feriado da Proclamação da República. Apesar da chuva, moradores deixam suas casas e saem para trabalhar. Os policiais permanecem na região e devem retomar o trabalho de revista a pedestres e motoristas nesta manhã.

O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse nesta segunda-feira que o depoimento do traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, pode ser fundamental para ajudar a prender policiais corruptos. O bandido é apontado como o chefe do tráfico na Rocinha e teria dito que boa parte de seu faturamento com a venda de drogas seria usado para pagar policiais corruptos.

“Esperamos o oferecimento de alguma medida judicial para que ele (Nem) pudesse contribuir com a Justiça e com a polícia. Qualquer tipo de palavra que tiver no depoimento dele vai ser minuciosamente examinada. Posso dizer que tanto a Subsecretaria de Inteligência quanto a inteligência das polícias procuram e acompanham no sentido de prender (os maus policiais). Temos policiais que prestam ajuda a ele fora da favela e também dentro”, disse Beltrame em entrevista ao Bom Dia Brasil.

O secretário ainda comemorou a ocupação na comunidade da Zona Sul do Rio. “A porta da Rocinha está aberta desde ontem (domingo)”.

De acordo com Beltrame, é preciso investigar os policiais civis que teriam negociado a rendição do traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem. No momento da prisão do bandido, na última quinta-feira, advogados de Nem alegaram negociar a rendição com a Polícia Civil e insistiram para que o grupo fosse levado para a 15ª DP (Gávea) e não para a Superintendência da Polícia Federal. “Temos que montar essa cronologia para proceder daí uma investigação”, afirmou.