O delegado da 6ª DP, Valmir de Moura Fé, indiciou o cabo da Polícia Militar, Marcos Ambrózio, 33 anos, por duplo homicídio culposo por excesso de legítima defesa. O indiciamento saiu após a investigação de um assalto que acabou na morte do gerente do estabelecimento e de um dos assaltantes em Campo Grande.
Segundo a polícia, o militar foi o autor de pelos menos sete tiros de pistola calibre .40, sendo dois deles os responsáveis pelas mortes. A conclusão foi tomada após análises das imagens do circuito interno do mercado Souza, localizado no bairro Caiçara, que mostram o adolescente T.C.T., 17 anos, e Maycon Igor, entrarem no estabelecimento e praticarem o assalto. Quando se preparavam para fuga, eles foram interceptados pelo cabo Ambrózio.
Detalhes como a presença de outras pessoas dentro do estabelecimento além dos dois assaltantes, que ficaram na linha de tiro, também foram levados em conta pelo delegado. Além disso, o fato de estar de folga deixava o militar numa condição de possível vítima também no caso de revide da dupla.
A alternativa plausível, na visão do inquérito, seria pedir apoio policial, verificar as características da dupla, para depois comparar com as imagens do circuito interno de TV. Deduziu-se que o cabo sabia das câmeras, já que freqüentava o estabelecimento há muito tempo e afirmou ser conhecido próximo do proprietário.
A análise pericial demonstrou que um dos tiros que atingiu o adolescente nos testículos – o quarto disparado pelo militar – foi o mesmo que acertou o gerente Carlos Expedito Ferreira Boccia, 41 anos, do lado esquerdo do corpo. Ele acabou morrendo na Santa Casa de Campo Grande horas depois.
O inquérito policial só será concluído na próxima segunda-feira, quando o cabo será ouvido pelo delegado Moura Fé. Um primeiro depoimento já aconteceu, mas na época Ambrózio estava na condição de investigado. Agora, sua condição já é de indiciado. A oitiva está prevista para as 15h e depois disto o relato do delegado segue para o Fórum da Capital.
O fato de o cabo ser indiciado por duplo homicídio não é garantia de que vá a júri popular. Tudo vai depender do entendimento do Ministério Público. Dependendo do transcurso do processo, o juiz toma sua decisão. O material reunido pelo delegado também, já foi requisitado pela Corregedoria da Polícia Militar, onde segue outra investigação no âmbito militar.
O caso
Maycon armado com um revólver calibre 38 e o menor T.C.T., 17 anos, com um 22 chegaram ao estabelecimento numa bicicleta e anunciaram o assalto. Quando o maior de idade ia saindo do local foi baleado pelo policial que chegou atirando. O menor também foi atingido nos testículos. O gerente que estava na linha da troca de tiros, foi alvejado e morreu na Santa Casa de Campo Grande.
Em depoimento ao delegado Moura Fé, o menor revelou que conhecia Maycon havia pouco tempo. Os dois fumavam maconha juntos na praça pública do bairro Jacy. Naquele dia fizeram uso do mesmo entorpecente, mas, como acharam pouco, decidiram sair em busca de dinheiro. O maior teria dado a ideia de cometer o assalto.
