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Opinião

Um alerta que nenhuma família pode ignorar

Wilson Aquino*
Admin -

É difícil — e doloroso — falar sobre abuso sexual infantil. Mas é necessário. Porque esse mal, infelizmente, tem crescido dentro de casas aparentemente seguras, destruindo a inocência e a saúde emocional de meninos e meninas que deveriam apenas brincar, estudar e sonhar.

Pais e mães precisam abrir os olhos. O inimigo, muitas vezes, não está na rua. Está dentro de casa, ou bem próximo da família. Parentes, amigos próximos, vizinhos… pessoas em quem confiamos. É com eles que, segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, a maioria dos abusos ocorre.

O impacto do abuso sexual na infância é devastador. A criança perde a referência de segurança, passa a viver com medo, culpa, vergonha e confusão. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as consequências incluem depressão, ansiedade, automutilação, tentativas de suicídio e transtornos sérios de personalidade.

Muitos desses traumas, como mostram estudos de psicólogos e psiquiatras, podem interferir na forma como o indivíduo compreende sua sexualidade e suas relações futuras. Mas é importante esclarecer: não se pode afirmar que o abuso leve automaticamente à homossexualidade. Essa é uma generalização sem base científica, e que pode reforçar preconceitos injustos. O que sim é comprovado é que o abuso sexual na infância causa confusões emocionais profundas, inclusive no campo sexual, especialmente quando a vítima não teve qualquer orientação adequada antes ou apoio emocional após o trauma.

Por isso, repito: os pais têm um papel central na formação emocional e sexual dos filhos. É preciso conversar sobre o corpo, os limites, o respeito e os perigos. É preciso orientar com clareza, sem medo, e com o amor que só os pais têm. Crianças bem instruídas têm mais chance de reconhecer abusos e de pedir ajuda.

É comum ver pais permitindo que os filhos durmam fora de casa, em casas de parentes, amigos ou vizinhos, sem avaliar os riscos. Nesses momentos, infelizmente, muitos abusadores se aproveitam da confiança para agir. E o fazem, muitas vezes, sem violência física, mas com manipulação, chantagem e falsas promessas. Isso torna tudo ainda mais cruel.

Chamar atenção para essa realidade não é exagero. É um alerta urgente. Como pai, cidadão e comunicador, me sinto na obrigação de usar a voz e a escrita para denunciar, para orientar, e principalmente, para convocar os pais à responsabilidade. Não basta amar: é preciso cuidar, acompanhar, observar e proteger — todos os dias.

Na infância, cada gesto, cada palavra e cada experiência deixa uma marca. E quando essas marcas são de dor, o futuro da criança pode ser comprometido. É nosso dever impedir que isso aconteça.

A educação começa em casa. E é em casa que se deve construir a base para um futuro saudável, livre, equilibrado. A omissão dos pais abre espaço para que outros ocupem esse papel — muitas vezes com interesses distorcidos ou criminosos.

Russell M. Nelson, presidente de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, ensinou: “Os filhos são um presente do Senhor. São confiados aos pais terrenos para serem nutridos, protegidos e ensinados. O lar deve ser o santuário mais seguro para eles.” Já a irmã Joy D. Jones, ex-presidente geral da Primária, declarou em uma conferência geral: “As crianças têm direito à proteção e à orientação dos pais. Elas precisam ser ensinadas, desde cedo, a reconhecer o valor de seu corpo como um dom divino e a saber que ninguém tem o direito de tocá-las de forma inadequada.”  

O Élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos, também abordou a gravidade de traumas infantis, ao dizer: “A alma de uma criança é sagrada. Qualquer um que, por negligência ou crueldade, macular essa pureza, prestará contas ao próprio Deus.” Essas palavras demonstram que o abuso contra crianças é uma ofensa não apenas contra a lei dos homens, mas também contra a lei de Deus, exigindo dos pais vigilância constante e uma vida centrada no evangelho para proteger os mais vulneráveis.

A Bíblia é contundente ao destacar o papel fundamental dos pais na formação moral e espiritual de seus filhos. Em Provérbios 22:6, está escrito: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele.” Esse versículo revela que a base da vida de uma criança é construída nos primeiros anos, por meio do ensino e do exemplo dos pais. Quando essa base é sólida — feita de valores, princípios e verdade — ela será um escudo contra as tentações, os abusos e as ideologias nocivas que podem surgir ao longo da vida.

Em Efésios 6:4, o apóstolo Paulo adverte: “E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.” Essa orientação mostra que a criação dos filhos não deve ser negligente nem autoritária, mas feita com amor, firmeza e ensinamentos que vêm de Deus. A doutrina do Senhor protege, orienta e edifica. Pais que assumem seu papel com sabedoria espiritual ajudam a blindar seus filhos contra os males do mundo e a prepará-los para uma vida de retidão, dignidade e segurança.

Por isso, meu apelo final: pais, não deleguem a formação de seus filhos. Façam parte ativa da vida deles. Estejam presentes. Protejam, eduquem, fortaleçam. Porque a infância não pode ser ferida. E uma vez ferida, nem sempre se cura.

*Jornalista e Professor

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