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Opinião

O tempo não leva quem não se entrega

Wilson Aquino*
Admin -
Wilson Aquino - Jornalista e Professor

Não é uma regra geral, mas funciona para muitos homens e mulheres: o tempo não leva quem não se entrega, mesmo diante das circunstâncias mais desfavoráveis. Mesmo debilitado fisicamente, enfraquecido moral e espiritualmente, encurralado pelos maiores obstáculos que ameaçam sua integridade, o indivíduo que tem sede de vida e se apega, ainda que ao último fôlego, encontra forças para prolongá-la e, muitas vezes, escapar daquilo que seria um fim inevitável.

Inúmeros relatos de sobreviventes do Holocausto confirmam essa verdade sobre a força da fé e da perseverança. Muitas dessas pessoas mantiveram vivo um propósito, um sonho que as impedia de se render ao desespero. O fotógrafo judeu Henryk Ross, por exemplo, sobreviveu ao gueto de Lódz e ao horror nazista porque estabeleceu para si a ão de registrar e, um dia, divulgar ao mundo as atrocidades cometidas contra seu povo. Outro caso é o de Viktor Frankl, psiquiatra austríaco e sobrevivente de Auschwitz, que escreveu em seu livro Em Busca de Sentido que aqueles que encontravam um propósito – como rever um ente querido ou cumprir uma missão – tinham mais chances de resistir ao sofrimento extremo. Um prisioneiro que lhe confidenciou o desejo de um dia segurar nos braços seu neto foi um exemplo vivo dessa força interior.

A fé inabalável e a vontade de viver nos momentos mais difíceis são princípios que encontramos repetidamente no nosso cotidiano e nas Escrituras Sagradas. O apóstolo Paulo, que enfrentou prisões, naufrágios, perseguições e enfermidades, escreveu: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13). Essa verdade ecoa na vida daqueles que, mesmo cercados por tribulações, encontram forças para seguir adiante, confiando que Deus os sustenta. Assim como Paulo não se deixou abater pelas dificuldades, muitos sobreviventes da história – e do nosso tempo – encontraram na fé a resistência necessária para vencer desafios considerados impossíveis.

Na atualidade, testemunhamos pessoas valentes que não se entregam às situações mais críticas – sejam elas físicas, mentais ou emocionais. É o caso dos sertanejos Dona Varda e Pedro Martins, ela com quase 100 anos e ele com mais de um século de vida, que enfrentam a dura rotina em regiões distintas do Sertão, roçando a lavoura, carregando água, montando a cavalo e até jogando (vídeo que viralizou na internet esta semana e que me inspirou a escrever o presente artigo).

Outros exemplos são aqueles que resistem ao peso das doenças e, se não encontram a cura, aprendem a conviver com suas limitações sem perder a alegria de viver. Entre essas pessoas está irmã Lúcia, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que nos ensina, todos os dias, o verdadeiro significado da fé, da resiliência e da gratidão. Sua trajetória de vida é uma lição de força para todos nós.

Aos poucos, sua doença lhe tirou os movimentos dos braços, das pernas e do corpo em geral. Seu organismo foi se atrofiando, roubando-lhe até mesmo a capacidade de falar. No entanto, em vez de sucumbir ao sofrimento, ela encontrou na fé um refúgio e, mais do que isso, um propósito. Com a mente lúcida e brilhante, ela se comunica através de um quadro com as letras do alfabeto, utilizando o olhar para formar palavras e frases, com o auxílio de quem aprendeu a decifrar sua mensagem. Dessa forma, escreve as mais belas cartas para seus seis filhos e inúmeros netos, transmitindo amor, esperança e sabedoria.

Felizes e verdadeiramente nobres são também aqueles que, como o irmão Estevão, encontram na fé o alicerce para viver o mais puro e genuíno amor. Convertido à Palavra de Deus, ele abraçou, com devoção e paciência, a missão de cuidar de sua amada esposa, irmã Lúcia, sem jamais murmurar ou esmorecer. Seu exemplo nos ensina que o amor conjugal vai além das palavras – é feito de entrega, renúncia e, acima de tudo, de um compromisso inabalável com o cônjuge.

Apesar das dificuldades físicas, irmã Lúcia mantém viva a alegria de recordar os momentos felizes, principalmente os de seu casamento e do convívio com parentes e amigos. Sua fé inquebrantável a sustenta, e seu exemplo nos mostra que a verdadeira força não está no corpo, mas na alma. Através de sua história, aprendemos que a vida é um presente divino, e que cada dia deve ser vivido com gratidão e propósito.

Outro exemplo marcante de perseverança é o do próprio povo de , que, sob a liderança de Moisés, atravessou o deserto durante quarenta anos rumo à Terra Prometida. Mesmo diante da escassez, do cansaço e das incertezas, a promessa divina os sustentava. Como está escrito: “Espera no Senhor, anima-te, e ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no Senhor” (Salmos 27:14). Esse ensinamento nos mostra que aqueles que não se entregam ao desespero e se mantêm firmes na esperança, ainda que enfrentem um caminho árduo, serão fortalecidos e encontrarão um propósito maior na jornada da vida.

Jesus Cristo, o maior exemplo de resistência e amor, também nos ensinou que a vida tem um significado muito além da dor e do sofrimento. Ele nos lembra: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16:33). Essa promessa nos conforta e nos dá a certeza de que as dificuldades não são o fim, mas uma etapa da caminhada.

Aqueles que, como irmã Lúcia e tantos outros, se recusam a desistir e escolhem encontrar alegria mesmo em meio às limitações são testemunhos vivos de que Deus concede forças àqueles que Nele confiam. A vida, por mais desafiadora que seja, é um presente divino que não deve ser desperdiçado. Cada obstáculo vencido é uma prova de que nossa missão aqui ainda não terminou. Quando a dor vier, quando o caminho parecer sem saída, que possamos lembrar dessas histórias – das Escrituras, da História e das pessoas ao nosso redor – e encontrar forças para seguir em frente. Pois o tempo não leva aqueles que não se entregam. Pelo contrário, ele fortalece os que insistem em viver.

Jornalista e Professor

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