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Opinião

Aprender a lutar para não brigar

Wilson Aquino*
Admin -

O que é mais seguro para uma família com filhos pequenos e piscina em casa: cercar a área ou ensinar as crianças a nadar? Cercar pode parecer mais fácil, mas ensinar a nadar é, sem dúvida, o caminho mais seguro e duradouro. É por isso que, nas famílias em que as crianças sabem nadar, os acidentes são raríssimos.

Foi com essa visão de prevenção e sabedoria que meu querido pai, então um jovem marinheiro baiano, de carreira, em Corumbá, nos anos 60, decidiu nos ensinar desde cedo a nadar com segurança nas águas do Rio Paraguai e de sua vasta bacia — onde passávamos muitos finais de semana em família, em meio à natureza e à alegria simples da vida.

Mas ele foi além. Quando percebeu que eu gostava da rua, da bola, da pandorga, do pião e da disputa da bolita com os meninos da 21 de Setembro, onde morávamos, e que, vez ou outra, me envolvia em brigas de menino, decidiu nos ensinar, a mim e ao meu irmão Rubens, a lutar. Mas não para brigar — e sim, para evitar a briga.

Acordávamos às quatro da manhã. Nosso “campo de treino” era o quintal de casa, onde praticávamos socos e chutes em sacos de areia, em sessões orientadas por ele, que dizia sempre: “Quero que aprendam a lutar para que nunca precisem brigar.” Depois, banho gelado para despertar o corpo e o espírito, e em seguida íamos para a mesa de estudo e leitura.

No começo, confesso, era difícil compreender. Mas com o tempo percebi: ao saber que tinha força, autocontrole, habilidade e, acima de tudo, humildade, ensinados por ele, nunca mais precisei provar isso a ninguém. A segurança que aquilo me dava era suficiente para afastar qualquer confronto.

E funcionou. Raramente me envolvia em brigas, e nunca as provocava. Ao contrário, tornei-me aquele que buscava acalmar os ânimos, separar discussões, evitar conflitos. Como ensina a Escritura: “Melhor é o homem paciente do que o guerreiro; mais vale controlar o seu espírito do que conquistar uma cidade.” (Provérbios 16:32)

Esse aprendizado ganhou ainda mais força quando, mesmo ainda jovem, comecei a me fortalecer espiritualmente. Entendi que a violência — assim como a desonestidade e outras atitudes nocivas — não agradam a Deus. “Porque eis que aquele que tem o espírito de contenda não é meu; mas é do diabo, que é o pai da contenda.” (3 Néfi 11:29)

Desde cedo passei a orientar outras pessoas, muitas vezes mais velhas do que eu. Sentia como um dever oferecer conselhos, conforto e esperança — especialmente àqueles que atravessavam momentos difíceis.

Recordo, com carinho, de um episódio marcante da juventude. Uma amiga teve uma discussão séria com a mãe. Magoadas por questões antigas mal resolvidas e que se arrastavam há muito tempo, trocaram palavras duras. A filha, impulsiva e ferida, fez as malas e se mudou temporariamente para a casa de uma vizinha, também nossa amiga, até decidir que rumo daria à sua vida.

Vi ali duas mulheres que se amavam profundamente, mas estavam separadas por mágoas profundas e orgulho. Senti, naquele momento, um chamado. Conversei com ela de forma sincera, direta, inspirada por Deus. No final, sugeri que escrevesse uma carta para a mãe, expressando seu verdadeiro amor, arrependimento pelas palavras ditas e o desejo de ter a sua bênção para sua nova jornada. Enquanto isso, fui a uma floricultura e comprei um grande buquê de rosas.

No fim daquela tarde, ela voltou à casa da mãe com a carta e as flores. Ao recebê-las, a mãe caiu em lágrimas. As duas se abraçaram chorando, como se o tempo tivesse parado. A barreira que as separava desmoronou. O amor venceu.

Como ensina o Salvador: “Se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão.” (Mateus 5:23-24)

Até hoje, essa amiga relembra aquele momento com gratidão. Foi um ponto de virada na relação delas e em sua própria jornada.

A vida é uma luta diária. Mas aprendi que não se luta com os punhos, e sim com o coração. E principalmente com a ajuda do Senhor, que nunca nos deixa sós. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” (Salmo 46:1). Ele nos sussurra o que fazer, nos momentos certos, se estivermos dispostos a ouvir.

Desde jovem, o Senhor tem sido meu mestre na luta contra o mal, contra as injustiças e tudo o que afasta as pessoas do bem. É na Sua palavra que encontro forças para consolar os aflitos, cuidar dos feridos da alma e ajudar os que sofrem. “Portanto, armai-vos com toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau.” (Alma 37:33)

Sou profundamente grato por esse poder divino que atua em nossas vidas. Porque, por maiores que sejam os desafios, feridas e decepções que enfrentamos no dia a dia, o Senhor nos consola e nos cura“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” (Mateus 5:9)

E é por isso que faço questão de falar Dele. Para que mais pessoas O conheçam, se aproximem Dele e encontrem essa mesma paz e força que transformam vidas.

*Jornalista e Professor

wilsonaquino2012@gmail.com

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