Advogada troca de carreira para se dedicar mais aos filhos

Preocupada com esses tempos modernos em que tablets, celulares e televisores se tornaram as “babás modernas”, enquanto as brincadeiras ao ar livre, tão necessárias para o fortalecimento físico e emocional das crianças são deixadas de lado, a advogada campo-grandense Raissa de Aguiar Geller Melo. Mãe de Graziela, 12; Beatriz, 9; Teodoro, 6; e Mathias, 3, resolveu abandonar o direito para abraçar outra profissão: a pedagogia, que exige menor carga horária de trabalho, para dedicar mais tempo à educação e ao desenvolvimento dos filhos.

Para essa mudança de profissão, Raissa teve não só o apoio do marido, Everton Souza de Melo como sua maior participação em todo esse processo de criação das mais variadas alternativas de brincadeiras e aventuras com as crianças. Eles também mudaram para a periferia da cidade, para que tivessem mais espaço verde para explorar, conhecer e interagir com a natureza e um olhar especial para os insetos,  animais domésticos e do campo.

Essa família colhe inúmeros benefícios graças à decisão de Raissa e Everton de priorizar a participação ativa na vida dos filhos. Com a mudança de profissão de Raissa, ela conseguiu dedicar mais tempo e atenção ao desenvolvimento emocional e intelectual das crianças. Graziela, Beatriz, Teodoro e Mathias passaram a desfrutar de um ambiente enriquecedor, onde brincadeiras ao ar livre e o contato com a natureza estimularam não apenas a criatividade, mas também a saúde física e o fortalecimento de vínculos familiares. A interação constante com os pais promoveu segurança emocional e valores como companheirismo, respeito e curiosidade pelo mundo ao redor.

Além de transformar a rotina familiar, Raissa também leva essa visão para a escola onde atua como pedagoga, em uma EMEI de Campo Grande. Ela orienta outros pais sobre a importância de permitir que as crianças vivam plenamente a infância, o que tem gerado uma verdadeira mudança de comportamento, tanto nas famílias quanto na vizinhança. Agora, é comum ver crianças brincando juntas em sua região, inventando jogos e explorando o mundo ao redor, como deveria ser.

“É lamentável vermos que a infância das crianças está sendo roubada, quer pelos meios eletrônicos, pela tecnologia ou pela saída dos pais de casa, para o mercado de trabalho”, afirma Raissa lembrando que muitos filhos ficam sozinhos em casa ou quando muito, aos cuidados de pessoas idosas, que não têm nenhuma disposição de correr e brincar com elas.

Raissa tem testemunhado muitas crianças perdendo a infância muito cedo porque não são instruídas para viver plenamente esse importante período. “Brincando que elas desenvolvem habilidades motoras, aprendem a socializar, experimentam a resolução de problemas e constroem sua autoconfiança. Além disso, a interação com outras crianças e com adultos da família enriquece suas experiências, oferecendo um equilíbrio entre afeto, aprendizado e diversão”.

Ela afirma também que as brincadeiras também têm um impacto direto no desenvolvimento cognitivo. Ao brincar de faz de conta, por exemplo, a criança explora sua criatividade, desenvolve a linguagem e aprende a lidar com situações sociais. Essas atividades preparam o cérebro para tarefas mais complexas, como a resolução de problemas e a tomada de decisões. Estudos indicam que crianças que brincam regularmente têm maior facilidade em processar emoções e construir relações saudáveis ao longo da vida.

Outro aspecto importante é o impacto das brincadeiras no combate ao sedentarismo infantil. A falta de atividades físicas e o excesso de telas estão diretamente ligados ao aumento dos índices de obesidade infantil, que é hoje um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Brincar ao ar livre, correr, pular corda ou até mesmo jogar bola no quintal são formas simples, mas extremamente eficazes, de promover a saúde física das crianças e de aumentar a boa relação com os pais, quando esses também participam dessas atividades.

Muitas crianças e adolescentes, por conta desse desequilíbrio, estão ficando doentes, com elevados índices de depressão, ansiedade e outros problemas que as tornam reclusas e até agressivas.

A criança que têm uma infância normal, com muitas atividades recreativas, estão sempre produzindo endorfinas, cerotonina e outros hormônios do prazer e da alegria. Crescem saudáveis e aprendem melhor tudo o que é ensinado.

Como pedagoga, Raissa tem um sonho, de fazer uma monografia nesse sentido, “quem sabe, uma tese de mestrado sobre a importância da infância na formação do cidadão e da cidadã de amanhã. Ela disse também que muitas mães estão fazendo o mesmo que ela: abrindo mão da profissão para atender melhor os filhos.

Essa história nos mostra como decisões conscientes podem transformar vidas e comunidades. A iniciativa de Raissa e Everton é um exemplo inspirador, mostrando que priorizar os momentos em família e resgatar a essência da infância são passos fundamentais para a formação de adultos saudáveis e felizes. Que mais famílias sejam incentivadas a permitir que suas crianças vivam uma infância plena, rica em descobertas e marcada pelo amor, a base mais sólida para o futuro.