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Opinião

Quando o silêncio é de ouro

Aristóteles Drummond
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Aristóteles Drummond
Aristóteles Drummond

Esta frase ganhou o mundo em 2007, quando o então rei de Espanha, Juan Carlos, se dirigiu ao ditador venezuelano que não parava de falar bobagens numa reunião ibero-americana, no Chile.

Falta no Brasil alguém com a autoridade do rei para pedir ao presidente Bolsonaro para se calar. Embora, desde muito, ele saiba que, quando abre a boca, se não é infeliz no que diz, é mal interpretado pela mídia. E que não é papel de presidente emitir conceitos sobre pessoas, instituições e muito menos autoridades de outros poderes. Não ganha nada, senão inimigos, desgastes desnecessários. Afinal, o brasileiro está mais para o “faça amor, não faça a guerra” do que “olho por olho, dente por dente”. E ele é o Presidente da República, deve preservar sua autoridade e não se rebaixar para responder. 

O que torna mais grave o desgaste do presidente é que ele, assim, compromete a revolução pelo voto da qual sua candidatura foi o instrumento disponível para 57 milhões de brasileiros. Destes, talvez, nem um quinto votaria nele, se houvesse outra mensagem nítida de repúdio ao que se viveu nos anos PT e, embora com mais compostura, se repetiu no governo Temer, que se perdeu pelas velhas companhias comprometedoras e impopulares.

O presidente está longe de ser o personagem pintado pela oposição ressentida, amparada em uma máquina de mídias cruel e desonesta. Existem comportamentos inadequados em seu entorno, que ele não quis enquadrar com a autoridade pessoal e oficial que possui. É da natureza humana e da tradição brasileira tentativas de golpes, sendo que, dessa vez, foram de pequena monta, para comprar uma casa aqui ou alugar outra ali. Nada perto do que se passou nos anos anteriores. 

A gestão das estatais, nem a oposição, consegue manchar, especialmente BB, BNDES, Eletrobras, Petrobras. Nunca se abriu tanto para o investimento privado na que carecemos, como estradas, portos, aeroportos e fazendo renascer a ferrovia. Não faz mais, pois as brigas com demais poderes e governadores impedem parcerias, despertam receios, geram insegurança. O governo trabalha e o Presidente atrapalha.

Pelo isolamento, pelo temor que desperta em poucas salas de bom senso no Planalto, não percebeu a gravidade de ter como “ministro da casa” uma parlamentar pela via nupcial, casada com o ex-senador e governador de Brasília Arruda, que dispensa comentários. Sua omissão no que toca a pautar na Câmara a questão da segunda instância compromete todo o discurso de campanha. E os processos remetidos para Brasília da Lava-Jato estão em gavetas e não são cobrados. Protege o adversário, pois o escolheu como opositor ideal. No que muito aprecia, pois, a essa altura, sonha mesmo em enfrentar Bolsonaro. Percebe-se que o Brasil passa a ser secundário neste jogo.

Na pandemia, que agora vai ter um relatório cheio de ódios contra ele, deve estar comprometido pelo que andou dizendo e a CPI deve ter juntado ao relatório. Não parou um dia sequer de minimizar a pandemia, de se omitir na compra de vacinas, depois em ironizar uma das vacinas que teve de comprar e aplicar na população, depois na crítica ao isolamento consagrado em todo mundo. E, neste crescer insano, combateu o uso de máscaras, hábito comum na Ásia há décadas. O governo faz campanha publicitária pela vacina e ele afirma que não vai tomar. E, no exterior, diz que não tomou quando nada lhe foi perguntado.

O governo se salva, tem gente competente, tem boa orientação, mas paga o desgaste político imenso em função do presidente não saber se cercar e  se calar.

Por que não te calas, Bolsonaro?

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