A solenidade em que a Câmara de Vereadores do Rio, em sessão presidida pelo vereador Carlos Eduardo, médico e em quinto mandato, homenageou o consagrado cirurgião Octavio Pires Vaz, membro da Nacional de Medicina, fez levantar a importância da presença de grandes médicos no setor público, que vem caindo nas últimas décadas.

A tradição sempre foi a desses homens de sucesso profissional, comandando clínicas de relevância na qualidade no setor privado, nunca terem deixado de lado o idealismo da profissão como instrumento de ação social e de solidariedade humana. Estes notáveis sempre trabalharam no anonimato, sem militância ideológica ou ambições políticas.

O próprio Octavio Vaz foi marcante cirurgião por décadas no SUS. Chegou a diretor-geral, no de Ipanema, ganhando por mês menos do que numa cirurgia em clínica particular. Passou 20 anos no Miguel Couto, na emergência, embora ali tenha sido alvo da inveja e do despeito de um diretor de militância ideológica, que fez do hospital de Nova Monteiro, outro expoente e com assento na Academia Nacional, instrumento para obter mandatos. Este é o lado cinza de uma área que sempre atraiu militantes de esquerda, que combateram e combatem o setor privado, responsável através dos planos pelo alívio no SUS em todo o país. Curioso que, salvo raras exceções, estes militantes nunca tiveram sucesso na cátedra nem na clínica médica. Claro que este domínio sempre foi favorecido pela omissão, na participação sindical e demais entidades representativas pelos que achavam que deveriam apenas se ocuparem da medicina. Agora mesmo na pandemia, quando se viu nas televisões depoimentos políticos e não médicos se constata o aparelhamento ideológico nas entidades e nos entrevistados. Uma “cientista”, na semana em que chegaram as primeiras vacinas, chegou a chorar diante das câmeras ao anunciar que não teríamos vacinas, insinuando a responsabilidade do governo.

Na pandemia, a colaboração do setor privado foi enorme, inclusive em doações, mas sempre alvo de ataques injustificáveis e injustos. Prejudicaram, por exemplo, a aceleração da imunização combatendo o direito de o setor de clínicas privadas importarem vacinas, doando a metade ao SUS e, com a sua metade, aliviando o setor público e acelerando o processo em paralelo ao cronograma oficial. Muitas vidas teriam sido poupadas.

A CPI do Senado fez muito barulho, com objetivos políticos, além de evidenciar a negligência oficial já sabida, na compra de vacinas, na defesa da vacinação, no deboche com o uso de máscaras e ao evitar aglomerações. Mas nada fez para apurar os escândalos bilionários envolvendo o sumiço dos recursos repassados pelo governo federal a estados e municípios. Os respiradores comprados e não entregue por empresas fantasmas ficaram por isso mesmo. Assim como os pagos duas a três vezes o valor de mercado. Ou até os que só podiam ser usados em ambulâncias. E os “hospitais de campanha”, cujos valores gastos deveriam ser comparados aos que fizeram bom uso dos recursos, como o caso de Minas.

Falta na área da saúde, hoje, a presença desses notáveis que já fizeram a excelência do setor público, com idealismo e desprendimento. Saúde pública não deve ter partido nem ideologia. Tem de ser objetiva e livre.