Revolução e cultura

Aristóteles Drummond, discorre sua opinião em relação ao governo Bolsonaro e intelectuais da cultura brasileira.

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Revolução e culturaA oposição ao governo Bolsonaro tem batido muito na tecla de que o presidente é contra a cultura, os intelectuais e que repete a Revolução de 64, que chamam de “ditadura militar”. Como o regime acabou com o AI-5, em 1º de janeiro de 1979, com a posse do presidente João Figueiredo, os mais jovens desconhecem a verdade.

Em primeiro lugar, foi o presidente Castelo Branco que criou o Conselho Federal de Cultura, nomeando um grupo de primeira, muitos membros da Academia Brasileira, como o presidente Josué Montello, que fora assessor de JK. Também na primeira composição, estavam Rachel de Queiroz, Vianna Moog, Pedro Calmon, Artur César Ferreira Reis e Gilberto Freyre. Josué foi Adido Cultural em Paris e Otto Lara Resende, antes de ser acadêmico, adido cultural em Lisboa, no governo Costa e Silva. Todos insuspeitos democratas.

No Conselho, eram discutidos temas como a censura, com manifestações por escrito. Uma das propostas é que a censura na literatura, cinema, teatro passasse para o Ministério da Educação e Cultura e fosse examinada por intelectuais.

Foi o presidente Médici que apoiou a construção do edifício-sede do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, cuja fundação data do Império. Foi sob a influência de intelectuais que se programou os festejos do Sesquicentenário da nossa Independência. E Geisel liberou financiamento para o projeto do edifício-sede da ABL.

O ex-senador Cristovam Buarque, que foi Reitor da UNB, foi do PT e é do PDT, já afirmou que dois dos melhores ministros da Educação que tivemos foram o general Rubem Ludwig e a professora Esther Figueiredo Ferraz, ambos no governo Figueiredo. Até o petista-marxista Celso Amorim foi dirigente da Embrafilme com Figueiredo. A Biblioteca Nacional teve dirigentes acadêmicos, como Adonias Filho e Eduardo Portela.

Logo, apesar do fato de haver tido censura por algum tempo, não existia hostilidade ao setor. Aliás, Castelo tinha grande apreço por Rachel, eram ambos cearenses e amigos; Guilherme Figueiredo, irmão do presidente, foi dos mais importantes intelectuais de seu tempo, com presença internacional.

É preciso mais equilíbrio nas afirmações!!!


*Articulista e escritor