O economista da incoerênciaO ex-presidente do Armínio Fraga, um dos mais respeitados economistas do Brasil, homem de vivência internacional, atuou muitos anos no sofisticado mercado dos Estados Unidos. Filho de mãe americana, militante de esquerda no Parido Democrata, ele é também gestor de importante fundo, com grande e variada carteira, no mercado brasileiro.

 

Causou, portanto, em alguns círculos, certa estranheza sua entrevista recente, e palestra, em que se afirma de “esquerda”, relacionando-a à questão social que preocupa todos os brasileiros. No entanto, no curto prazo, perde prioridade para superar a crise e garantir emprego a 11 milhões de chefes de família, na sua maioria. Problema social emergencial é este.

 

Armínio está ciente, como economista e homem de mercado, que, neste momento que o Brasil tem de apagar a memória do país hostil ao capital depois de 20 anos de social-democracia e esquerdismo irresponsável. Ele sabe – pois, pertenceu ao governo social-democrata, da ala mais chegada ao socialismo, a de José Serra, presidente da UNE, em 64, e orador no célebre comício do dia 13 de março daquele ano –  que é preciso atrair o capital, não o especulativo, mas o real, que gera empregos e produção competitiva. Também entende que não é possível assoviar e tocar flauta ao mesmo tempo. O social já avança sem corrupção e boa aplicação dos recursos públicos, e vai avançar mais com a vinda de novas indústrias e tecnologias de fora.

 

A prioridade do capitalismo é gerar riqueza, produtividade, lucro e pagar impostos para que os governos atendam ao social. O mercado pede  bons produtos, bom gerenciamento e dividendos. Não confundir alhos com bugalhos.

O grande Roberto Campos o apreciava, em meio a uma geração de bons valores na economia, como Paulo Leme, Paulo Rebelo de Souza, Paulo Guedes, Julio Senna e Carlos Tadeu. Apesar disso, preocupava-se muito com as influências esquerdistas recebidas nos EUA. Certamente Arminio admira e Bernie. 

 

A chamada “esquerda caviar”, que procura se apresentar como capitalista de  preocupação social, está sendo elitista, ao não defender o programa liberal de Paulo Guedes. 

 

O presidente Bolsonaro fala demais, é pouco cuidadoso e cai nas provocações, assim como alguns de seus mais próximos, mas está fazendo um bom governo na economia, na infraestrutura, na Educação – apesar do ministro também tagarelar demais –, energia e outros setores, sem corrupção institucionalizada, com escolhas pelo mérito. Apesar das deficiências acadêmicas, está evidente, para os que não estão comprometidos ideologicamente, que o país está bem entregue. Longe do caos petista e do comprometimento lamentável dos anos Temer, apesar de boas iniciativas.

 

Não fica bem para economista de tão boa formação e experiência, a esta altura da vida, sair em busca das luzes ribalta esquerdista.

 

Com todo respeito, Armínio Fraga!

 


 

*Articulista e escritor