História Sem Fim – uma homenagem a José Marcos da Fonseca

Campo Grande é um lugar delicioso de viver e isso não é por acaso. A natureza parece que colocou mais céu nesse lugar que em outros lugares que conheço. Deve ser para as muitas nuvens que mudam de cor em movimentos ritmados, em cada por do sol de tirar o fôlego ou para os milhões […]

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Campo Grande é um lugar delicioso de viver e isso não é por acaso. A natureza parece que colocou mais céu nesse lugar que em outros lugares que conheço. Deve ser para as muitas nuvens que mudam de cor em movimentos ritmados, em cada por do sol de tirar o fôlego ou para os milhões de estrelas que fazem brilho por aqui.   Isso sem falar dos quatis, das capivaras e, se olhar direitinho, achar uma anta, sucuri ou jacaré, num quê de lugar encantado.

E o silêncio que tem hora marcada? Depois do almoço passarinho nem pia, o vento pára e as folhas brincam de estátua. Do meio dia as duas é tempo de dormir! Acredita que tem campo-grandense que coloca até pijama? Deve ser herança dos vizinhos paraguaios, argentinos ou bolivianos que vivem seus dias divididos em dois tempos.

Passear de carro, escutar música com o vento batendo no rosto, ver o desfile de árvores em rosas, amarelos, verdes, marrons. Procurar a cidade que se mostra devagar nas suas ruas largas, avenidas incríveis e seus parques numa imensidão de vários verdes. Vai passar pelo mercadão, pela orla sem praia e cheia de jovens em seus skates, horto florestal. Pela Via Parque se chega no Parque das Nações Indígenas e suas várias belezas.  Nesse caminho, vai passar pelas pessoas.

Artistas, engenheiros, arquitetos, médicos, programadores, gaúchos, japoneses e um mundo inteiro que mora aqui. E em todos esses lugares, vai passar pelo Zé.

O Zé com seu jeito manso e sorriso fácil, encontrou história para cuidar e preservar nesta terra jovem. Em cada canto, um encanto, e seu olhar. Em sua última obra, na Avenida Calógeras, em fevereiro desse ano, colocou a Maria Fumaça para contar nossa história para quem ainda vai chegar. O Zé não colocou o trem no trilho, apontou para o alto, lá onde as nuvens se movimentam nesse céu gigante.

Sábado passado, no silêncio da cidade, embarcou nesse trem e partiu para as estrelas.

 

Campo Grande é um lugar delicioso de viver e isso não é por acaso. Obrigada, Zé!

 

*José Marcos da Fonseca da Fonseca era formado em Arquitetura e Urbanismo, com especialização em gestão regional e urbana. Foi secretário municipal em várias gestões e cuidou de Campo Grande como se fosse sua casa. E era. Faleceu em 02 de junho de 2019.

 

História Sem Fim - uma homenagem a José Marcos da FonsecaSobre a autora:

Linda Raquel Benitez é uma brasileira campo-grandense. Empresária, produtora cultural e design de eventos desde 1992, é casada. Estuda filosofia e, desde o ano passado, resolveu assumir suas crônicas para o mundo.

Facebook – Linda Benitez

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