Aposentadoria com qualidade de vida
O Brasil, que vive a maior crise econômica da sua história, há alguns anos, procura desesperadamente uma saída. Acredita que a melhor delas é uma drástica mudança no sistema previdenciário, que implicaria numa aposentadoria mais tardia dos trabalhadores brasileiros e menos recursos para se manterem no dia a dia. Enquanto se discute o tema, na […]
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O Brasil, que vive a maior crise econômica da sua história, há alguns anos, procura desesperadamente uma saída. Acredita que a melhor delas é uma drástica mudança no sistema previdenciário, que implicaria numa aposentadoria mais tardia dos trabalhadores brasileiros e menos recursos para se manterem no dia a dia.
Enquanto se discute o tema, na Câmara e no Senado, com opiniões diversas e divergentes de deputados e senadores, que puxam de um lado para outro, alegando necessidades especiais a determinados segmentos e de diminuir vantagens de outros que sempre gozaram de regalias e grandes privilégios, muitos trabalhadores, de setores públicos e privados, procuram somar suas décadas de serviços prestados, para avaliar a compensação ou não de adiantar uma aposentadoria, que mesmo que precoce, poderia sair melhor que o resultado do vigor das possíveis mudanças que certamente ocorrerão na legislação.
Independente de todo esse imbróglio em torno do assunto, uma coisa é certa e que precisa ser pensada por todo aquele prestes a se aposentar ou mesmo àqueles já aposentados, recentemente ou não: É preciso que todo aposentado tenha qualidade de vida nesta última (conquistada) e merecida etapa de sua existência.
Independentemente do valor mensal que passará a receber, todo indivíduo que se aposenta precisa fazer um planejamento de vida e pensar não apenas em “sobreviver” pelo resto de seus dias. Mas para que tenha satisfação, realização e alegria no seu cotidiano.
As estatísticas e experiências demonstram que todo indivíduo que deixa sua agitada e dinâmica corrida diária de trabalho, para entrar numa abrupta rotina de inércia absoluta, a partir do momento em que se aposenta, corre o risco de entrar em depressão, adoecer e morrer precocemente.
Da mesma forma que, ao contrário disso, quando o indivíduo encontra outras formas de ocupar o seu tempo com atividades físicas e intelectuais, os resultados são bem diferentes e altamente benéficos. O indivíduo que não para de “trabalhar” na aposentadoria, vive melhor, tem mais satisfação e alegria de viver o dia a dia.
O trabalho voluntário de aposentados, na sua área de atuação profissional ou não, em benefício do próximo, proporciona resultados extraordinários não só para quem recebe as ações, mas principalmente àqueles que as desenvolvem.
O prazer e a satisfação de fazer algo, de estender as mãos aos necessitados, não tem preço. Ganha quem recebe, porém ganha muito mais quem faz a caridade.
Muitos aposentados têm encontrado novo sentido na vida ao cumprir de maneira mais intensa e integral, o segundo maior mandamento de Deus, que é “Amar (e servir) ao próximo como a si mesmo”.
Conheci a história de um médico aposentado que contou que na sua infância, sempre que se sentava à mesa de jantar, juntamente com outros 6 irmãos, o pai, um sacerdote de Deus, perguntava individualmente a cada um: –“O que você fez hoje por alguém?”. Contou também que em função dessa pergunta diária e da orientação e educação dos pais, de fazerem o bem (não importa a quem), se esforçava, assim como todos os seus irmãos, a fazer cada vez mais e melhor em benefício do próximo, para então relatar, na mesa de jantar.
Mais tarde, formou-se em medicina e dedicou-se a salvar vidas, sem nunca deixar de lado a caridade. Então, um dia se aposentou e pode finalmente dedicar-se, como queria: inteiramente ao trabalho em benefício da saúde do próximo, de maneira espontânea e gratuita.
Contou também que depois de seus mais de 60 anos de vida e usando de todo seu conhecimento e experiência profissional dedicou-se inteiramente a esse trabalho voluntário que lhe proporcionou uma grande satisfação e alegria que nunca havia sentido em toda sua vida. Sentia o desejo de fazer cada vez mais por todos aqueles que estivessem a seu alcance.
Um tempo depois conseguiu montar toda uma equipe de médicos voluntários que realizaram grandes feitos na cidade em que viviam.
Sentir-se útil na aposentadoria deve ser meta e dever de todo cidadão e cidadã. Afinal, a vida não para. Os problemas e necessidades das pessoas continuam e toda ajuda, todo amor, toda caridade são sempre bem-vindos em qualquer comunidade.
Que o Senhor, na sua infinita bondade e sabedoria, toque no coração de todos para que entendam que a caridade verdadeiramente é o puro amor de Cristo. Que Ele oriente e inspire cada um, os aposentados em especial, para que tenham forças não só para susterem os pesados fardos que já carregam, como também para servir ao próximo com devoção e alegria.
*Jornalista e Professor
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