A Coreia do Sul anunciou nesta segunda-feira, 3, a suspensão de um acordo de reaproximação com a Coreia do Norte. A paralisação é uma punição depois que o país lançou balões carregados de lixo no território sul-coreano, mesmo com o país liderado por Kim Jong-Un anunciando a interrupção dos lançamentos. O acordo intercoreano, assinado em 2018, tem o objetivo de reduzir conflitos na linha de frente entre os dois países. A suspensão deve durar até que a confiança mútua seja restabelecida.

De acordo com o Conselho de Segurança Nacional Presidencial da Coreia do Sul, a interrupção do trato autoriza o país a retomar exercícios militares perto da fronteira com os norte-coreanos e tomar respostas imediatas às provocações. Eles afirmaram que uma proposta de suspensão será apresentada ao Conselho de Gabinete na terça-feira, 4, para aprovação.

Desde a última terça-feira, dia 28, a chamada República Popular Democrática da Coreia lançou cerca de 1.000 balões carregando esterco, bitucas de cigarro, pedaços de pano e papel higiênico em várias partes do país ao sul. Nenhuma substância perigosa foi encontrada, segundo o exército sul-coreano. A medida foi uma reação contra campanhas de civis que distribuem panfletos contrários à Coreia do Norte.

Na noite de domingo, o vice-ministro da Defesa norte-coreana, Kim Kang Il, disse que interromperia sua campanha de balões porque deixou os sul-coreanos com “experiência suficiente de quão desagradável eles se sentem”. Ele disse, no entanto, que a Coreia do Norte lançará balões novamente se ativistas do país vizinho retomarem as próprias atividades com balões contra seu território. Antes desse anúncio repentino, autoridades da Coreia do Sul disseram que tomariam medidas de retaliação “insuportáveis” em resposta.

Quais são os objetivos dos países?

Especialistas afirmam que a Coreia do Sul precisa da suspensão para reiniciar transmissões de propaganda anti-Pyongyang, de músicas de k-pop e de notícias externas por alto-falantes na fronteira. Essas transmissões teriam incomodado anteriormente o lado norte-coreano, onde a maioria dos seus 26 milhões de habitantes não têm acesso oficial a notícias estrangeiras.

O acordo de 2018, fechado durante um breve período de reconciliação entre o então presidente sul-coreano e liberal Moon Jae-in e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, determinava que os países parassem todos os atos hostis um contra o outro.

Apesar das transmissões de propaganda e campanhas de panfletagem estarem incluídas nas proibições, o acordo não deixou claro se o envio de panfletos por civis também deveria ser banido, brecha que permitiu que ativistas sul-coreanos continuassem a lançar balões com panfletos contra Pyongyang, pen drives com doramas (dramas sul-coreanos), notícias mundiais e notas de dólares americanas na Coreia do Norte. Enfurecido com as campanhas de panfletagem, o governo norte-coreano disparou contra balões que se aproximavam e destruiu um escritório de ligação intercoreano construído pelos sul-coreanos.

O acordo já estava em crise quando, em novembro de 2022, as tensões aumentaram depois que o lançamento de um satélite espião pela Coreia do Norte levou os dois países a tomarem medidas contrárias ao trato. A Coreia do Sul retomou a vigilância aérea na linha de frente, o que fez as forças norte-coreanas restaurarem postos de guarda na fronteira.

Para analistas, a campanha de balões da Coreia do Norte, que seria a primeira do tipo em sete anos, tinha como objetivo provocar uma divisão na Coreia do Sul sobre a política rigorosa do atual governo conservador em relação ao país norte-coreano, que desde 2022, aumentou drasticamente seus testes de armas, que os analistas chamam de tentativa de fortalecer sua capacidade nuclear e aumentar sua influência na futura diplomacia com os EUA. Fonte: Associated Press.