O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou à nessa sexta-feira (5), primeira parada de sua quarta viagem pelo desde o início da guerra entre e Hamas, há três meses. Desta vez, a prioridade da diplomacia americana é evitar que o conflito envolva o Líbano.

O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, avisou ontem que é cada vez mais curto o tempo para impedir um conflito com o Hezbollah, grupo xiita libanês.

Blinken se reúne neste sábado (6), com o chanceler turco, Hakan Fidan, e com o presidente, Recep Tayyip Erdogan, em Istambul. Em seguida, ele voa para a Grécia. O americano chega a Israel na segunda-feira, dia 8 de janeiro.

De acordo com o Departamento de Estado, a prioridade é conseguir um compromisso de aliados para que usem sua influência para dissuadir qualquer escalada do conflito. Na quinta-feira, o porta-voz Matthew Miller afirmou haver um “risco real” e uma “preocupação grande” com essa possibilidade.

Pressão

Bliken desembarcará pressionado em Israel. Em reunião com Amos Hochstein, conselheiro do presidente dos EUA, Joe Biden, Gallant afirmou que prefere uma saída negociada com o Líbano, mas disse que a chance disso era cada vez menor.

“Estamos numa encruzilhada”, disse Gallant ao enviado americano, segundo uma declaração tornada pública pelo Ministério da Defesa de Israel. “Preferimos um acordo diplomático, mas o prazo para alcançá-lo é curto.” Desde os ataques do Hamas, em 7 de outubro, o Exército israelense troca fogo com o Hezbollah na fronteira.

A situação se agravou esta semana, com o assassinato de Saleh al-Arouri, um dos mais altos líderes do Hamas, em um ataque israelense nos subúrbios de Beirute. O Hezbollah prometeu retaliar. O líder do grupo xiita, Hassan Nasrallah, disse ontem que uma resposta é “inevitável” e o norte de Israel seria o primeiro local “a pagar um preço” pela morte de Arouri.

Fogo cruzado

Ontem, oito foguetes foram disparados do Líbano contra Israel. Em seguida, o Exército israelense disse ter atacado o “centro de comando” do grupo xiita na cidade libanesa de Blida. Tanques e peças de artilharia também bombardearam áreas ao longo da fronteira para impedir ataques do Hezbollah.

Pelo menos 70 mil israelenses que viviam perto da fronteira norte foram retirados de suas casas após os ataques de 7 de outubro, transformando a área em uma zona militar. Vários batalhões do Exército de Israel ocuparam posições estratégicas na região.

Moradores que permaneceram no norte de Israel disseram ter visto as forças especiais do Hezbollah se mobilizando ao longo da fronteira e estabelecendo postos de vigilância em estruturas supostamente construídas para proteção ambiental.

Embora não seja uma zona de guerra declarada, mais de 120 combatentes do Hezbollah e pelo menos 20 civis libaneses, incluindo 3 jornalistas, foram mortos no Líbano, enquanto 12 soldados e 5 civis morreram do lado israelense.

Obstáculos

A possibilidade de um conflito, além de aumentar a pressão dos EUA, coloca o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, em uma posição incômoda com os moradores do norte do país. “Nossos cidadãos voltarão para suas casas, no norte e no sul”, disse o primeiro-ministro, na quinta-feira. “Para isso, aplicaremos a máxima potência com a máxima precisão em todos os lugares que forem necessários”.

Mas muitos ao longo da fronteira norte perderam a confiança em Netanyahu, que durante anos disse aos israelenses que o Hamas estava contido em Gaza. Autoridades israelenses agora já cogitam a ideia de estabelecer uma zona-tampão semelhante à que existia quando Israel ocupou o sul do Líbano, de 1985 a 2000, que se estenderia por 4 km dentro do território libanês.

(Com informações da Agência Estado e Agências Internacionais)