Os Estados Unidos vetaram nesta terça-feira, 20, mais uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que pedia por “cessar-fogo imediato” em Gaza. Essa foi a terceira vez que o principal aliado de Israel usou o seu poder de barrar iniciativas do CS desde o início do conflito.

A proposta foi apresentada pela Argélia e contava com apoio de países árabes, mas os EUA já tinham sinalizado que a vetariam. O placar da votação entre os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU foi de 13 votos a favor, uma abstenção, do Reino Unido, e um voto contrário, dos EUA.

defende que as negociações pela libertação dos reféns são o caminho para uma trégua no conflito e apresentou uma resolução alternativa que defende o cessar-fogo “assim que possível”.

A pausa proposta pelos EUA seria vinculada à libertação dos cerca de 130 reféns que ainda estão sob o poder do grupo terrorista Hamas em Gaza. O rascunho também prevê a de todas as restrições à entrega de ajuda humanitária no enclave sitiado. As ações “ajudariam a criar as condições para uma cessação sustentável das hostilidades”, diz o projeto americano, que ainda não tem data para ser votado.

“Não podemos apoiar uma resolução que comprometa negociações delicadas”, argumentou a embaixadora de Washington nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield.

Além de um cessar-fogo imediato, o texto da Argélia exigia a libertação de todos os reféns, rejeitava o deslocamento forçado de civis palestinos, pedia acesso humanitário irrestrito em toda a Faixa de Gaza e reiterava as exigências do Conselho de que Israel e o Hamas cumpram as leis internacionais, especialmente a proteção de civis. A resolução rejeitada nesta terça também condenava “todos os atos de terrorismo”, sem nomear nenhuma das partes.

Thomas-Greenfield já havia antecipado o veto no domingo. Ela argumentou que os EUA trabalham há meses no acordo pela liberação de reféns e que essa continuava sendo a melhor oportunidade de garantir uma pausa sustentada no conflito para que os palestinos recebessem ajuda humanitária.

Entretanto, o Catar, que tem atuado como um mediador no conflito, já alertou que as negociações não estão “progredindo como esperado”.

O embaixador adjunto dos EUA, Robert Wood, por sua vez, disse a repórteres na segunda-feira que a resolução apoiada pelos árabes não seria um mecanismo eficaz para as três coisas que Washington busca: resgatar os reféns, aumentar a ajuda e garantir uma longa pausa no conflito.

“O que estamos buscando (com a resolução americana) é outra opção possível e discutiremos isso com amigos daqui para frente”, afirmou Wood. “Não acho que podemos esperar que nada aconteça amanhã”, avisou na véspera da votação.

Em uma mensagem dura para Israel, o projeto de resolução dos EUA diz que a grande ofensiva terrestre planejada em Rafah “não deve prosseguir nas atuais circunstâncias”. E adverte que o deslocamento adicional de civis, “inclusive potencialmente para os países vizinhos” – em referência ao – teria sérias implicações para a paz e a segurança regionais.

Israel alarmou a comunidade internacional ao anunciar a incursão na cidade que abriga mais de 1 milhão de deslocados internos pelo conflito. O governo Netanyahu justifica que a operação é necessária para derrotar o Hamas e promete passagem segura para os civis, mas não explica para onde. A cidade é a última ao sul de Gaza e o Egito resiste em abrir as fronteiras porque teme ser visto como cúmplice no deslocamento forçado de palestinos.

O conflito foi desencadeado pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1,2 mil pessoas e levou mais 240 como reféns em 7 de outubro. Do lado palestino, a guerra já deixou mais de 29 mil mortos, segundo o ministério da Saúde local, que é controlado pelo Hamas. O drama humanitário no enclave tem elevado a pressão internacional sobre Israel, inclusive do seu principal aliado, os EUA, que cobram a proteção de civis no enclave.