O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, prometeu “esmagar e destruir” o Hamas em um inflamado discurso televisionado na noite de quarta-feira (11). Dessa forma, fez o primeiro pronunciamento desde a formação de um governo de unidade com o político da oposição Benny Gantz no início do dia.

“Todo membro do Hamas é um homem morto”, acrescentou o primeiro-ministro.

Mais tarde, em seu discurso, Netanyahu adotou um tom otimista, elogiando a unidade do povo israelense e citando o “apoio internacional sem precedentes”. Particularmente, referiu-se ao contato contínuo com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

“O Hamas é o Estado Islâmico e vamos esmagá-los e destruí-los, assim como o mundo destruiu o EI”, declarou Netanyahu em seu primeiro discurso ao lado dos membros do gabinete de guerra. O grupo formado nesta quarta-feira reúne membros da oposição.

“Vimos (…) mulheres jovens que foram estupradas e massacradas, combatentes decapitados”, alegou Netanyahu, sem fornecer provas.

Netanyahu formou ‘governo de emergência'

Após uma reunião com o ex-ministro da Defesa centrista Benny Gantz, Netanyahu anunciou em um comunicado a formação de um “governo de emergência” e um “gabinete de guerra” até o final do conflito.

O anúncio ocorre 5 dias após o ataque terrorista lançado contra pelo Hamas a partir da Faixa de Gaza, governada desde 2007 pelo movimento terrorista palestino.

Então, o ataque por terra, mar e ar deixou mais de 1.200 mortos do lado israelense, incluindo 169 soldados, segundo o exército. Além disso, centenas de civis acabaram massacrados pelos terroristas em cooperativas agrícolas e em um festival musical.

Israel respondeu bombardeando a Faixa de Gaza, mas também mobilizou 300 mil reservistas. Dessa forma, colocou dezenas de milhares de soldados ao redor do enclave e na fronteira norte com o Líbano, onde nesta quarta-feira houve novamente troca de com o movimento pró-iraniano Hezbollah, aliado do Hamas.

1.200 mortos em Gaza

Em Gaza, pelo menos 1.200 pessoas morreram e 5.600 ficaram feridas nos bombardeios israelenses até o momento. Os dados são do Ministério da Saúde palestino.

Assim, a ONU revelou que 338.934 pessoas foram deslocadas na Faixa de Gaza em meio aos bombardeios israelenses. Dezenas de pessoas também estão desaparecidas ou mantidas como reféns pelo Hamas.

<blockquote class="twitter-tweet"><p lang="iw" dir="rtl">ממשיכים בכל העוצמה <a href="https://t.co/2ZTfc2zlin">pic.twitter.com/2ZTfc2zlin</a></p>&mdash; Benjamin Netanyahu - בנימין נתניהו (@netanyahu) <a href="https://twitter.com/netanyahu/status/1711699807058767989?ref_src=twsrc%5Etfw">October 10, 2023</a></blockquote> <script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script>

O grupo terrorista afirmou em comunicado ter libertado “uma mulher israelense e seus dois filhos”. Então, divulgou em sua rede de televisão Al Aqsa imagens de uma mulher de camisa azul com dois filhos e três homens armados se afastando de uma área com arame farpado.

Porém, a televisão pública israelense afirmou que as imagens mostravam pessoas que “nunca haviam sido levadas para Gaza”.

A imprensa local informou que se tratava de Avital Aladjem, do kibutz Holit, levada à força no sábado por homens do Hamas com os dois filhos de um vizinho. Assim, seguiram até a zona de fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza após o ataque de sábado.

Gabinete de Guerra

Qualquer membro do Hamas será um “homem morto”, enfatizou Netanyahu, cujo governo de coalizão, o mais à direita da história de Israel, controla 64 dos 120 assentos do Parlamento. Com a inclusão do Partido de Unidade Nacional de Gantz, chegará a 76 assentos.

Netanyahu e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken (Haim Zach, GPO)
Netanyahu e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken (Haim Zach, GPO)

O principal líder da oposição, Yair Lapid, não faz parte da aliança, embora o comunicado tenha especificado que ele tem um lugar “reservado” no gabinete de guerra.

Assim, Israel bombardeia a Faixa de Gaza desde sábado e mantém o cerco à região. Dessa forma, cortou o fornecimento de água, eletricidade e comida. Mais de 2,3 milhões de palestinos vivem em condições precárias neste território de 360 km².

De acordo com o Exército israelense, vários objetivos do movimento islamista acabaram atingidos. O Hamas, por outro lado, afirmou que os ataques atingiram casas, fábricas, mesquitas e lojas.

“Estamos presos, não sabemos para onde ir e não podemos ficar porque nosso chão está coberto de vidros quebrados e estilhaços”, disse à AFP Mohammed Mazen, um morador de Gaza de 38 anos, pai de três filhos.

Do lado de Gaza, os ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe condenaram o cerco israelense e pediram o envio “imediato” de ajuda para os habitantes.

‘Regras da guerra'

Pelo lado dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que conversou com Netanyahu e o instou a seguir as “regras da guerra” em sua resposta ao Hamas.

No entanto, a ministra da Inteligência israelense, Gila Gamliel, declarou em entrevista à AFP que o governo estava determinado a “erradicar” o Hamas, para que “ninguém no mundo sequer pense em usar o que aconteceu [em Israel] como um modelo” para planejar futuros ataques.

O grupo terrorista Hamas ameaçou executar os reféns caso os bombardeios a Gaza continuem sem aviso prévio.

Entre os capturados, estão jovens sequestrados durante um festival musical no sábado de manhã, onde cerca de 250 pessoas foram massacradas, segundo uma ONG israelense.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, está negociando com o Hamas a libertação dos reféns, informou uma fonte oficial turca à AFP.

Os braços armados do Hamas e a Jihad Islâmica afirmaram nesta quarta-feira que lançaram ataques com foguetes contra o sul e o centro de Israel.

ONU e Cruz Vermelha têm vítimas

Onze trabalhadores da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no morreram desde sábado na Faixa de Gaza, informou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.

A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho indicaram, por sua vez, que cinco de seus membros morreram nos últimos cinco dias, tanto em Israel quanto no enclave palestino.

Israel anunciou na terça-feira que recuperou o controle de sua fronteira com a Faixa de Gaza, após dias de combates com os islamitas. Cerca de 1.500 cadáveres de combatentes do Hamas foram encontrados na região, disse.

Temores de escalada regional

O ataque terrorista do Hamas gerou múltiplas condenações internacionais e a preocupação de que uma escalada possa se estender pela região.

Ao menos quatro palestinos morreram, também na quarta-feira, quando um grupo de colonos israelenses atacou uma cidade no sul de Nablus, na Cisjordânia ocupada, informou o Ministério da Saúde palestino.

O exército matou, ainda, dois outros palestinos, elevando para 29 o número de palestinos mortos na Cisjordânia ocupada desde a ofensiva lançada pelo Hamas.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, anunciou, na quarta, que um segundo porta-aviões estará disponível para apoiar Israel em caso de necessidade.

O presidente russo, Vladimir Putin, instou a abertura de negociações entre Israel e os palestinos, e alertou contra uma “propagação” do conflito.