Hamas liberta 81 reféns de Gaza em 5 dias de cessar-fogo com Israel

Período de cativeiro afetou a nutrição e causou problemas ortopédicos nas vítimas

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Ambulância da Cruz Vermelha transportou reféns. (Reprodução)

O Hamas libertou nesta terça (28), mais 12 reféns no quinto dia da trégua com Israel: dez israelenses e dois tailandeses, de acordo com o gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Em troca, 30 presos palestinos foram soltos da penitenciária de Ofer: 15 mulheres e 15 menores de idade, todos enviados para a Cisjordânia.

O dia, no entanto, foi cercado de tensões. O ministro da Segurança Nacional de Israel, o extremista Itamar Ben-Gvir, pediu que o premiê retaliasse uma suposta violação do cessar-fogo: a explosão de três dispositivos, seguida de uma troca de tiros, no norte de Gaza. O Hamas culpou Israel pelo incidente, que não deixou feridos.

Outro foco de tensão é a suspeita de que nem todos os sequestrados em Gaza estejam ao alcance do Hamas. “Um dos propósitos da trégua é que o Hamas tenha tempo para buscar pelos desaparecidos”, disse Mohamed al-Thani, premiê do Catar, que mediou o cessar-fogo, em entrevista ao Financial Times, no domingo, 26.

O chanceler do Catar, Majed al-Ansari, afirmou ontem que a extensão do cessar-fogo dependeria da capacidade do Hamas de continuar libertando pelo menos 10 reféns por dia, cumprindo uma das cláusulas do acordo que, em cinco dias, registrou a troca de 81 reféns – 61 israelenses – por 150 presos palestinos.

Traumas

À medida que os reféns do Hamas passam por exames em Israel, autoridades revelam os danos sofridos pelas vítimas, principalmente as crianças. Ronit Lubetzky, diretora do Hospital Dana, em Tel-Aviv, disse que o período de cativeiro afetou a nutrição e causou problemas ortopédicos. “Precisamos monitorar as necessidades nutricionais de cada uma das crianças”, disse.

Esther Yahalomi, avó de Eitan Yahalomi, de 12 anos, que foi libertado ontem, falou sobre a dificuldade de readaptação do neto, que teria sido espancado e forçado a ver vídeos dos ataques violentos de 7 de outubro. “Nos primeiros 16 dias (em Gaza), ele ficou sozinho em uma sala fechada”, contou. “Será preciso muito trabalho para fazê-lo falar novamente”.

Revital Miles disse que sua tia, Adina Moshe, de 72 anos, libertada na sexta-feira, perdeu muito peso no cativeiro. “Ela foi mantida em um túnel e tinha muito pouco para comer”, afirmou Miles ao Washington Post. “Ela contou que a avó ficava esperando que os soldados israelenses viessem resgatá-la.” No entanto, quando chegou a hora de ser libertada, segundo a sobrinha, Moshe pediu ao Hamas que levassem uma mulher mais velha em seu lugar.

Frio

Ruti Munder, de 78 anos, também foi libertada na sexta-feira (24), após passar 48 dias sequestrada ao lado da filha, Keren, e do neto Ohad Munder-Zichri, que completou 9 anos no cativeiro. Ela disse que dormia em cadeiras de plástico e se cobria com um lençol, mas que a maioria não tinha nada para se proteger nas noites de frio.

Yelena Magid, tia de Roni Krivoi, refém de 25 anos libertado no domingo, disse que seu sobrinho conseguiu fugir e se escondeu em Gaza por quatro dias, antes de ser recapturado. “Ele foi levado por terroristas para um prédio, que foi destruído (pelo bombardeio israelense) e ele conseguiu fugir”, disse Yelena, à rádio Kan.

“Ele tentou chegar à fronteira, mas por não ter como saber onde estava e para onde ir, ele teve problemas e acabou sendo preso de novo pelo Hamas.”

Parentes de Yaffa Adar, de 85 anos, também libertada na noite de sexta-feira, disseram ao Canal 12 que os reféns que estiveram com ela não tomaram banho nem trocaram de roupa durante todo o período do cativeiro. Apenas um dia antes de serem libertados é que todos receberam roupas limpas.

Recuperação

O impacto psicológico ainda está sendo avaliado pelos médicos israelenses. Além de agressões e intimidações, muitos menores viram pais e parentes serem mortos durante o ataque do Hamas ou ainda têm alguém da família no cativeiro em Gaza.

É o caso de Avigail Mor Edan, de 4 anos, libertada no domingo. Ela estava nos braços do pai, no kibutz Kfar Aza, quando ele foi morto pelos terroristas. De acordo parentes, a menina também teria visto a mãe ser assassinada.

Itai Pessach, diretor do hospital infantil Edmond e Lily Safra, do Centro Médico Sheba, onde muitas crianças estão sendo tratadas, se disse otimista, porque elas estavam se recuperando. Ele admitiu, porém, ter ouvido relatos perturbadores do cativeiro. “Apesar de parecerem melhorar fisicamente, ainda há um longo caminho a percorrer”, afirmou.

Com informações de Agências Internacionais

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