A Lourdes Maldonado foi assassinada na noite de domingo, 23, em Tijuana, Estado de Baixa Califórnia, dias depois de o fotógrafo e repórter investigativo Margarito Martinez, de 49 anos, ser baleado na porta de casa na mesma cidade. Foi o terceiro de jornalistas no México este ano. Na semana passada, José Luis Gamboa foi esfaqueado em Veracruz.

O caso de Lourdes coloca ainda mais pressão sobre o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador (AMLO). Em 2019, em uma das entrevistas coletivas diárias de AMLO, ela estava presente e fez um apelo dramático. “Venho aqui pedir seu apoio, ajuda e justiça, porque temo pela minha vida”, afirmou Lourdes.

Ela trabalhava como correspondente em Tijuana desde os anos 90 e colaborou com vários veículos, entre eles o maior canal de TV do país, a Televisa, e o Primeiro Sistema de Notícias (PSN), de Jaime Bonilla, empresário que foi governador de Baixa Califórnia, de 2019 a 2021, eleito pelo mesmo partido de AMLO, o Movimento Regeneração Nacional (Morena).

Há alguns dias, Lourdes ganhou um processo contra o PSN por demissão abusiva. Não há nenhuma prova material que ligue a disputa trabalhista ao assassinato, mas o fato de ela ter manifestado publicamente preocupação com sua segurança — e ter sido assassinada — chamou a atenção dos mexicanos.

López Obrador expressou nesta segunda, 24, seus pêsames e assegurou que o governo manteve contato com Lourdes para garantir sua segurança. O Artículo 19, grupo de defesa da liberdade de imprensa no México, disse que ela havia sido incluída em um esquema de proteção para jornalistas que cobrem casos de corrupção.

Desculpas

O presidente mexicano, no entanto, vem sendo cada vez mais pressionado. Ativistas dizem que nove jornalistas foram assassinados no ano passado e mais de 50 foram mortos desde que López Obrador assumiu o cargo, em 2018. Visivelmente incomodado, AMLO culpou a “herança neoliberal” pela violência no México. “Estamos saindo deste período de decadência”, disse. “Corrupção, desigualdade e violência, foi isso o que eles nos deixaram.” (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.