O fundador do Wikileaks, Julian Assange, foi preso em nesta quinta-feira (11), após a embaixada equatoriana autorizar a entrada da polícia inglesa. Ele estava refugiado no prédio diplomático havia quase sete anos.

O jornalista é responsável por um dos maiores vazamentos de documentos secretos da história dos Estados Unidos da América (EUA), e teme ser extraditado pelos britânicos para o país, onde enfrenta investigação.

As autoridades afirmaram que foram convidadas pelo próprio embaixador a entrar na embaixada após a remoção do asilo político concedido pelo país sul-americano ao jornalista.

A presidência do confirmou a remoção do asilo, citando violações de convenções internacionais. O presidente do Equador, Lenín Moreno anunciou o que chamou de “decisão soberana” em um comunicado nesta quinta-feira. “Eu requeri ao governo britânico que garantisse que Assange não seria extraditado para um país onde poderia sofrer tortura ou pena de morte”, comentou Moreno.

O presidente reclamou do comportamento do jornalista e o acusou de “interferir em questões de outros Estados” enquanto estava na embaixada e disse que o asilo concedido ao jornalista se tornou “insustentável e inviável”. Assange teria violado repetidas vezes as “provisões das convenções de um asilo diplomático”, segundo Moreno, citando como exemplo, documentos do Vaticano vazados recentemente pelo Wikileaks.

Assange buscou refúgio na embaixada equatoriana após a promotoria sueca abrir uma investigação acusando-o de assédio sexual. Em 2010, o Tribunal Superior de Londres deu luz verde para a extradição de Assange para a Suécia, dando início a uma batalha judicial.

Em junho de 2012, o Equador confirmou que Assange estava na embaixada do Equador em Londres e que pediu asilo político. A polícia londrina advertiu que Assange violou as condições de prisão domiciliar à qual estava submetido e poderia ser detido.

O caso se arrastou até 2017, quando os promotores suecos arquivaram o inquérito contra o jornalista, encerrando a investigação preliminar da acusação de estupro. A procuradoria sueca afirmou que a permanência de Assange na embaixada do Equador impediu a execução do pedido de extradição e não era mais possível realizar a transferência em tempo “razoável”.

Em dezembro do mesmo ano o Equador concedeu a cidadania equatoriana a Assange. Mais tarde, com a mudança de governo no Equador, o novo presidente, Lenín Moreno, disse que o caso de Assange era uma “pedra no sapato” para seu país.

Em fevereiro de 2018, a Justiça britânica rejeitou um recurso da defesa de Assange e manteve uma ordem de prisão, ditada após ele violar as condições da sua liberdade condicional ao entrar na embaixada equatoriana em Londres.

O governo do Equador iniciou então uma série de medidas hostis a Assange, como restringir seu acesso à internet na embaixada em Londres, por ele ter violado um acordo no qual se comprometia a não opinar sobre questões de outros países.

Novas regras foram impostas ao “hóspede indesejado”, como limpar o próprio banheiro, cuidar de seu gato e pagar pela eletricidade e internet que utilizava. No mesmo mês, um juiz equatoriano rejeitou a queixa de Assange de que as novas regras estariam violando seus direitos.

Em abril de 2019, Lenín Moreno acusou Assange de violar repetidamente os termos de seu asilo. Em resposta, o Wikileaks afirmou que as declarações de Moreno seriam uma retaliação após o portal divulgar alegações de corrupção contra o presidente. No dia 4 de abril, o Wikileaks alertou que Assange seria expulso da embaixada dentro de poucos dias. (Com informações da Deutsche Welle)