Uma mensagem no Facebook surpreendeu o jornalista Michael Scott Moore, sequestrado em janeiro de 2012 na cidade de Galkayo, na Somália, durante estudos que fazia para seu novo livro sobre pirataria. Dois meses depois de conseguir liberdade, Michael foi procurado por um ‘amigo’ chamado Mohamed.

O jornalista, que ficou mais de dois anos na mira de piratas somalis, recebeu, em novembro de 2014, a seguinte mensagem : “Como vc está, Michael? Sou seu amigo Mohamed Tahlil. Quero falar com vc”.

Michael decidiu responder à mensagem depois que, ao analisar a foto do perfil remetente da mensagem, reconheceu o homem como sendo um dos seus sequestradores. Quanto tempo os dois se corresponderam e qual foi o teor das mensagens não foi divulgado.

Entretanto, recentemente o somali Mohamed foi preso em Nova York e indiciado na última quarta-feira (7). As acusações que caem sobre o pirata são pelos crimes de sequestro, tomada de refém, conspiração, entre outros.

Michael não quis se manifestar sobre a prisão de Mohamed, tampouco sobre as mensagens trocadas por eles ou o período em que ocorreram até que sua prisão fosse realizada.

Contudo, as imagens anexadas ao processo de Mohamed mostram mensagens contendo informações sobre o paradeiro dos sequestradores, fotos dos mesmos, quais haviam morrido e como algumas coisas aconteceram durante o sequestro.

Mohamed Tahlil foi preso sem direito a fiança e aguarda julgamento. Caso seja condenado, poderá receber como pena a prisão perpétua.

O caso

Michael Scott Moore estava em viagem pela Somália em 2012 para pesquisar sobre pirataria, tema do livro que estava a escrever na época, quando foi sequestrado por homens altamente armados, reconhecidos como piratas somalis.

À sua mãe foi pedido o valor de US$ 20 milhões pelo resgate além de uma carta oficial do governo americano os isentando pelo crime. Depois de muito tempo, a mãe de Michael conseguiu reduzir o valor do resgate para US$ 1,6 milhão e o jornalista conseguiu liberdade, em setembro de 2014.

Durante sua permanência no cativeiro, que durou pouco mais de dois anos, o jornalista acabou se aproximando de Mohamed Tahlil, responsável pela guarda do local onde Michael era mantido preso. Segundo ele, o modo gentil e bem-humorado de Tahlil durante sua apreensão, fez com que ele se decidisse por responder as mensagens.

O caso virou tema do novo livro de Michale, que recebeu o nome de The Desert and the Sea: 977 Days Captive on the Somali Pirate Coast (O deserto e o mar: 977 dias cativo na costa pirata somali), lançado nos EUA em julho. Ainda não há previsão para lançamento no Brasil.