Trump agrada a Israel, choca palestinos e assusta o mundo
Presidente americano recebeu na quarta-feira o primeiro-ministro de Israel
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Presidente americano recebeu na quarta-feira o primeiro-ministro de Israel
Distanciando-se da solução de dois Estados para resolver um dos conflitos mais antigos do mundo, Donald Trump agradou à direita de Israel e chocou os palestinos, embora ninguém consiga decifrar as reais intenções do novo presidente americano.
“Este é o fim de uma ideia perigosa e errada: a criação de um Estado terrorista palestino no coração da terra de Israel”, alardeou o ministro israelense da Ciência Ofir Akunis, reiterando a reivindicação judaica sobre a Cisjordânia em nome da Bíblia.
Para a sua colega da Cultura, Miri Regev, é “uma nova era diplomática” e o “fim do congelamento” dos assentamentos nos territórios palestinos ocupados.
Ao receber na quarta-feira, na Casa Branca, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Trump tomou distância da posição defendida há anos por seus antecessores em relação ao conflito israelense-palestino.
Ele afirmou que os Estados Unidos não vão se ater à solução de dois Estados – a criação de um Estado palestino que coexista com Israel – que também é a referência de grande parte da comunidade internacional.
“Por muito tempo, pensei que a solução de dois Estados era a mais fácil. Mas, honestamente, se Israel e os palestinos estão felizes, eu estou feliz com o que eles preferirem”, declarou o presidente republicano.
A aparente ruptura de um homem que durante sua campanha defendeu ideias muito pró-israelenses preocupa os palestinos.
“O fim da solução de dois Estados significa um único Estado, mesmo racista”, reagiu o editorial do jornal Al-Quds. “Após mais de vinte anos passados a negociar e depois de concordar em manter apenas 22% da Palestina histórica, a grande questão é: o que devemos fazer?”.
Os líderes palestinos que apoiam as negociações com Israel afirmam que sem um Estado palestino, a única possibilidade é um Estado expandido na Cisjordânia, já ocupada por Israel, e em Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como sua futura capital, mas que Israel anexou.
Os judeus terão mais direitos do que os palestinos, o que equivaleria a um regime de apartheid, dizem.
Após o encontro Trump-Netanyahu, a presidência palestina escolheu o tom da reserva. Repetiu em um comunicado seu “compromisso com a solução de dois Estados” e disse que estava “pronta para interagir de forma positiva com a administração Trump para construir a paz.”
– Prematuro –
“A impressão que nós tivemos é a de que Trump diz que quer a paz”, declarou à AFP Hossam Zomlot, assessor do presidente Mahmud Abbas, atacando Israel, mas não Trump.
Mas Jihad Harb, um cientista político palestino, destaca as dificuldades da liderança palestina para estabelecer canais de comunicação com a administração Trump.
Enfraquecida e dividida, não tem outro horizonte que um confronto diplomático com Israel, algo que os Estados Unidos poderiam fazê-la pagar caro, ou uma revolta popular, com consequências imprevisíveis, aponta.
“A liderança palestina teme entrar em um confronto que poderia ser contraproducente”, segundo o especialista.
“Caloroso e excelente encontro com o presidente Donald Trump. Um dia de sucesso para o Estado de Israel”, tuítou Netanyahu por sua parte.
Até mesmo o apelo à retenção de Trump sobre a colonização não afetou a satisfação daquele cujo país anunciou nas últimas semanas mais de 6.000 habitações de colonização antes de ser contido pela Casa Branca.
Netanyahu, sob pressão da sua direita, afirmou aos jornalistas israelenses que aceitou durante suas conversas com Trump buscar um acordo com o governo dos Estados Unidos sobre a construção nos assentamentos, informou a imprensa.
“Vale a pena fazer o esforço”, disse ele, segundo a imprensa, excluindo voltra atrás nos recentes anúncios.
“A administração Trump ainda não é capaz de desenvolver políticas reais, e é prematuro especular”, diz Shmuel Rosner, especialista do Instituto de Política do Povo judeu. “Eu não acredito que o presidente Trump apresentou ontem uma visão realista da paz no Oriente Médio.”
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