Putin afirma que relação entre Rússia e EUA piorou com Trump

Chefes da diplomacia dos dois países discutiram em Moscou a guerra na Síria

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Chefes da diplomacia dos dois países discutiram em Moscou a guerra na Síria

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que as relações com os Estados Unidos pioraram desde que Donald Trump chegou à Casa Branca, no mesmo dia em que os chefes da diplomacia dos dois países discutiam em Moscou a guerra na Síria.

Putin disse, em uma entrevista exibida nesta quarta-feira, no momento da reunião, que o “nível de confiança” entre os dois países piorou desde que Donald Trump tomou posse nos Estados Unidos.

“Pode-se dizer que o nível de confiança em nossas relações de trabalho, especialmente na questão militar, não melhorou, e provavelmente piorou”, disse Putin ao canal de notícias Mir 24.

O secretário de Estado americano, Rex Tillerson, e o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, estavam reunidos em Moscou para uma conversa crucial sobre o futuro das relações entre as duas potências, depois das declarações divergentes sobre o conflito na Síria.

Tillerson e Lavrov trocaram farpas nos últimos dias sobre o suposto ataque químico na cidade de Khan Sheikhun e após a mudança de postura do presidente americano ao ordenar o primeiro bombardeio contra o exército sírio desde o início do conflito há seis anos.

Lavrov disse que deseja compreender as “verdadeiras intenções” dos Estados Unidos em termos de política internacional, com o objetivo de evitar uma “repetição” do bombardeio americano na Síria e trabalhar na criação de uma “frente comum contra o terrorismo”.

“Nossa linha de comando se baseia no direito internacional e não em uma escolha do tipo ‘você está do nosso lado ou contra nós’”, declarou o ministro.

Tillerson afirmou que deseja um diálogo “aberto, franco e sincero” com o objetivo de “esclarecer mais os objetivos e interesses comuns e as claras diferenças” na abordagem dos dois países sobre as principais questões.

Esta primeira visita à Rússia de um alto funcionário do governo Trump deve servir para estabelecer as bases da “normalização” das relações entre os dois países, prometida por Donald Trump durante a campanha eleitoral.

Mas o suposto ataque químico na cidade de Khan Sheikhun (noroeste da Síria) e o bombardeio americano poucos dias depois provocaram novas tensões entre as duas potências.

– Provocações –

Altos funcionários americanos repetiram na terça-feira as críticas ao forte apoio da Rússia ao presidente sírio Bashar al-Assad.

O secretário de Defesa, Jim Mattis, afirmou que não há dúvida de que o regime de Assad era o responsável pelo ataque químico de 4 de abril, que deixou 87 mortos, incluindo dezenas de crianças, na província rebelde de Idlib, noroeste da Síria.

Uma fonte do governo americano, que pediu anonimato, acusou Moscou de “espalhar confusão” sobre o papel do regime sírio no suposto ataque ataque químico para tentar culpar os rebeldes ou os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI).

Putin repetiu em uma entrevista que não via nenhum elemento que provasse a responsabilidade de Damasco.

A Rússia mantém uma linha que inocenta o regime sírio e aponta para os rebeldes, com a alegação de que o exército de Damasco desmantelou seu arsenal de armas químicas sob supervisão internacional.

Putin advertiu para provocações que estariam sendo preparadas pelos rebeldes, que utilizariam armas químicas para depois acusar Damasco.

– Votação na ONU –

Ao mesmo tempo, Estados Unidos, França e Reino Unido apresentaram ao Conselho de Segurança um novo projeto de resolução que pede ao cooperação do regime sírio em uma investigação sobre o ataque.

A votação está prevista para 19H00 GMT (16H00 de Brasília), mas diplomatas afirmam que a Rússia utilizará o direito de veto.

Na semana passada, o Conselho de Segurança examinou três projetos de resolução que não passaram à votação.

Além da questão de Khan Sheikhun, Tillerson também transmitirá a firme opinião dos países do G7 de que o futuro da Síria não deve contar com o presidente Bashar al-Assad.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, chamou a ideia de “absurda” e explicou que um abandono do apoio russo a Bashar al-Assad “deixaria o caminho livre aos terroristas”.

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