Ele é ouvido por CPI que investiga presidente

Um ex-miliciano filipino declarou nesta quinta-feira (15), em uma audiência do Senado de seu país, que o presidente Rodrigo Duterte deu, pessoalmente, ordens para que ele matasse o prefeito de uma cidade no sul das , onde ativistas afirmam que uma rede de execuções ligada a Duterte matou centenas de pessoas. O ex-assassino de aluguel diz que o presidente era o principal articulador da rede.

De acordo com a agência Reuters, uma investigação legislativa – correspondente às CPIs no Brasil – apura o envolvimento de Duterte com grupos de extermínio. Nesta quinta, a comissão ouviu o ex-assassino de aluguel confesso Edgar Matobato, que afirmou ter trabalhado para o presidente. Na época dos crimes, Duterte era prefeito da cidade de Davao.

Segundo Matobato, Duterte dava instruções à milícia para que praticassem homicídios. “Nosso trabalho era matar criminosos como traficantes, estupradores”, afirma o homem de 57 anos que, de acordo com ele próprio, matou mais de 50 pessoas enquanto trabalhou para o “Esquadrão da Morte de Davao”.

“Eles eram mortos como galinhas”, declarou Matobato aos senadores. A sessão foi transmitida por emissoras de televisão das Filipinas. Autoridades investigam se Duterte seria o comandante por trás do Esquadrão. Ele é acusado de envolvimento com redes de assassinos de aluguel e “justiceiros”, durante o período em que foi prefeito de Davao.

Aumento de assassinatos

Grupos de defesa dos direitos humanos documentaram cerca de 1.400 assassinatos na cidade desde os anos 90. Críticos dizem que a campanha de “guerra sangrenta” de Duterte contra as drogas, iniciada desde que ele assumiu a presidência em junho, já beira a mesma marca.

Mais de 3.500 pessoas, ou 47 por dia, morreram nas últimas semanas nas Filipinas. Dentre os mortos, 58% tiveram autores desconhecidos. O restante foi realizado durante “ações policiais legítimas”, segundo a polícia local. Matobato diz que, ao longo dos anos 90, Duterte ordenou bombardeios de mesquitas em Davao, como retaliação a um ataque em uma catedral.

“Ele nos mandava matar muçulmanos”, diz o ex-matador de aluguel. O secretário de Justiça do governo de Duterte, Vitalino Aguirre, respondeu que o testemunho de Matobato é um conjunto de “mentiras, fabricações e produto de uma imaginação fértil e treinada”.

O jornal britânico The Guardian afirma que Rodrigo Duterte ordenou não apenas o assassinato de criminosos, mas também de seus opositores e personalidades consideradas inimigas por ele. O tabloide também destaca que a comissão investigadora é conduzida pela senadora Leila de Lima, uma das maiores opositoras da campanha do presidente contra as drogas.